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A ENRON E AS OUTRAS
O governo George W. Bush
vem passando por uma prova
de fogo no caso das fraudes multibilionárias, envolvendo balanço de
grandes corporações americanas,
que vêm sendo descortinadas ultimamente. Bush ofereceu alguns dos
principais postos do governo a executivos oriundos de companhias
"vencedoras" no capitalismo global.
Além disso, sua equipe não se cansava de propagandear o fato de Bush
ser o primeiro presidente dos EUA a
ostentar um MBA -mestrado em
negócios. É inevitável que a imagem
do governo sofra reveses com a série
de demonstrações de que eram frágeis e por vezes fraudulentas as bases
em que se assentou o "boom" de
Wall Street na década passada.
Mas o foco de desgaste não tem a
ver apenas com imagem. Trata-se,
por um lado, do impressionante histórico aquilatado pela gestão republicana de ações administrativas, diplomáticas e legislativas em favor
dos interesses de grandes corporações norte-americanas. Além disso,
há suspeitas de que, no governo,
funcionários agiram em favor de setores empresariais dos quais por vezes procediam. Suspeitas desse tipo
recaem, por exemplo, sobre Harvey
Pitt, que comanda a poderosa SEC
(xerife do mercado acionário americano). Pitt foi advogado de grandes
corporações antes de assumir a SEC
e é acusado de favorecer seus antigos
clientes em conflitos de interesse que
teve de administrar.
À onda de questionamento contra
a direção de seu governo, Bush responde propondo regras supostamente mais duras contra práticas
empresariais e contábeis lesivas. Mas
a grande imprensa parece que não se
convenceu pela retórica presidencial
a favor de uma "nova ética" do capital. Em editorial, "The New York Times" considera frustrante a ofensiva
de Bush. O britânico "Financial Times" vai pelo mesmo caminho.
As eleições legislativas de novembro constituirão boa oportunidade
para avaliar até que ponto diminuiu o
apoio do público a George W. Bush.
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