São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 2002

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A ENRON E AS OUTRAS

O governo George W. Bush vem passando por uma prova de fogo no caso das fraudes multibilionárias, envolvendo balanço de grandes corporações americanas, que vêm sendo descortinadas ultimamente. Bush ofereceu alguns dos principais postos do governo a executivos oriundos de companhias "vencedoras" no capitalismo global. Além disso, sua equipe não se cansava de propagandear o fato de Bush ser o primeiro presidente dos EUA a ostentar um MBA -mestrado em negócios. É inevitável que a imagem do governo sofra reveses com a série de demonstrações de que eram frágeis e por vezes fraudulentas as bases em que se assentou o "boom" de Wall Street na década passada.
Mas o foco de desgaste não tem a ver apenas com imagem. Trata-se, por um lado, do impressionante histórico aquilatado pela gestão republicana de ações administrativas, diplomáticas e legislativas em favor dos interesses de grandes corporações norte-americanas. Além disso, há suspeitas de que, no governo, funcionários agiram em favor de setores empresariais dos quais por vezes procediam. Suspeitas desse tipo recaem, por exemplo, sobre Harvey Pitt, que comanda a poderosa SEC (xerife do mercado acionário americano). Pitt foi advogado de grandes corporações antes de assumir a SEC e é acusado de favorecer seus antigos clientes em conflitos de interesse que teve de administrar.
À onda de questionamento contra a direção de seu governo, Bush responde propondo regras supostamente mais duras contra práticas empresariais e contábeis lesivas. Mas a grande imprensa parece que não se convenceu pela retórica presidencial a favor de uma "nova ética" do capital. Em editorial, "The New York Times" considera frustrante a ofensiva de Bush. O britânico "Financial Times" vai pelo mesmo caminho.
As eleições legislativas de novembro constituirão boa oportunidade para avaliar até que ponto diminuiu o apoio do público a George W. Bush.


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