São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Ioga
"Fui citado na reportagem "Regulamentação cria cisão entre seguidores" (Cotidiano, pág. C10, 30/6), que tratava da nossa regulamentação profissional, que comecei a articular em 1978 e agora está na reta final. No entanto, apesar de eu ser um dos profissionais mais velhos e, inquestionavelmente, um dos mais sérios, meu trabalho, meu nome e meu título profissional foram tratados pela Folha com sarcasmo. Isso soa aos leitores como uma forma de discriminação. Se eu fosse mestre de caratê, mestre de capoeira ou mestre-de-obras, a Folha escreveria "mestre" entre aspas? Por que a discriminação? Por que a descortesia gratuita para com o entrevistado? Ninguém publicaria "doutor" Fulano entre aspas, a menos que quisesse dar a entender ao leitor que não se tratava de um doutor de verdade. Ainda que eu não tivesse o título de mestre em ioga -que recebi de duas universidades, uma do Brasil e outra da Europa-, pergunto por que o mestre de ioga recebe o sarcasmo do seu título entre aspas. E por que meu sobrenome entre aspas, como se fosse um suposto nome? Ainda que o fosse, reportagens que citam atores, artistas e escritores por seus pseudônimos nem por isso os põem entre aspas. No entanto DeRose é o meu nome verdadeiro e não merecia que o grafassem entre aspas, como se fosse a alcunha de um marginal qualquer. Acho deplorável o fato de que alguns "jornalistas" brasileiros se sintam incomodados com o sucesso de outro brasileiro e publiquem expressões dúbias associadas ao nosso trabalho -como fizeram ao declarar-nos "McDonald's da ioga", entre outras ironias. Somos a mais séria, a mais cara e a mais exigente escola de formação profissional no setor de ioga em todo o país -com uma história de 42 anos na área e mais de 20 anos de trabalho com universidades federais, estaduais e católicas de vários Estados. O fato de darmos uma formação cultural séria e uma profissão a tantos jovens, levando-os a uma vida digna e saudável, longe do fumo, do álcool e das drogas, não interessou à Folha. Também não importou o fato de que, na nossa instituição, não fazemos proselitismo nem misticismo e o fato de que somos os únicos na ioga que não prometemos benefícios terapêuticos. O trabalho sério não interessou a essa forma lamentável de jornalismo, que não se importa de discriminar profissões ou de prejudicar quem faz um trabalho honesto. É lamentável. No entanto a Folha tem o poder da imprensa em suas mãos, e eu não posso fazer nada para me defender ou para limpar a mácula que a Folha arremessou contra o meu bom nome. Escrevi apenas por uma questão de dignidade perante mim mesmo, porque não poderia ficar calado diante da injustiça e para que a posteridade saiba que repudiei esse tratamento discriminatório com as parcas armas que tinha."
Luiz Sérgio Alvarez DeRose (São Paulo, SP)

Nota da Redação - As assessorias das universidades do Porto e de Cruz Alta (UniCruz) informaram que as instituições não oferecem o título de mestre em ioga.

"Ao ler a reportagem sobre a regulamentação da profissão de ioga, senti-me impelido a não mais privilegiá-los com minha fidelidade na compra diária do jornal. Um jornal centenário como a Folha deveria ser capaz de mobilizar uma equipe para pesquisar profundamente a história e os fatos. Se tivessem pesquisado, essa equipe e o jornalista Aureliano Biancarelli teriam descoberto que mestre DeRose está há mais de 40 anos dedicando-se exclusivamente à difusão da ioga na sua forma original, sendo bem-sucedido nessa missão. Teriam descoberto ainda que mais de 50 mil leitores são também praticantes da modalidade de ioga codificada por ele. Todos esses praticantes-leitores repudiaram o tratamento discriminatório e pouco gentil dedicado ao mestre DeRose."
André Coelho, diretor da Associação dos Profissionais de Yôga de Curitiba (Curitiba, PR)

Intervenção e força-tarefa
"Segundo declarações do ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior, o crime organizado está em festa no Estado do Espírito Santo. Depois que o procurador-geral da República, dr. Geraldo Brindeiro, disse ser favorável à intervenção naquele Estado devido às inúmeras falcatruas e aos crimes de uma forma geral, curiosamente mudou de opinião e engavetou o referido processo. Como diz a sabedoria popular, "existem mais coisas entre o céu e a terra do que simples aviões de carreira". Eu, como cidadão brasileiro, honesto, pagador de contas e participante ativo da vida do meu país e do mundo devido às minhas opiniões, fico do lado do ex-ministro Reale. Brindeiro "pisou feio na redonda". O que será que aconteceu na calada da noite? A intervenção é necessária no Estado capixaba, assim como é em todo o Sudeste. Porém estamos em fim de governo, e ninguém quer mais nada com a hora do Brasil."
Fernando Al-Egypto (Petrópolis, RJ)

"Miguel Reale Júnior enriquece sua biografia com uma meteórica passagem pelo Ministério da Justiça, exíguo tempo que aproveitou para ombrear-se com os maiores inimigos dos povos indígenas. De fato, será lembrado por um único ato: ter demitido o presidente da Funai, Glênio Alvarez, para atender a interesses de mineradoras e de alguns deputados antiindígenas."
Wilmar da Rocha D'Angelis, linguista, coordenador do GT Línguas Indígenas da Associação Nacional de Pós-Graduação em Letras e Linguística Unicamp (Campinas, SP)

"O Brasil, contumaz no descumprimento de compromissos internacionais, salvo em relação ao FMI, quer combater o crime organizado com pajelança. Quando alguém deseja sair da retórica, é sumariamente descartado. Se fosse um país sério no combate ao narcotráfico, a coisa não teria chegado a tamanho grau de gravidade."
Odilon de Oliveira (Campo Grande, MS)

Aids
"Se alguém tem dúvida sobre a avassaladora ação criminosa da Igreja Católica ao não indicar o uso de preservativos nas relações sexuais, basta assistir ao magnífico filme-documentário "ABC África". Impossível a qualquer fiel dessa igreja dormir tranquilo após ouvir o som dessas crianças (milhões) aidéticas, talvez distantes demais dos corredores do Vaticano. Não seria o caso de levar a situação a um tribunal de crimes contra a humanidade? A violência das tempestades do filme pode traduzir a fúria divina -para quem acredita nela."
Arlindo Girard Jacob Filho (São Paulo, SP)

Farmácia
"A agressão gratuita e irada do sr. Rilke Novato Públio ("Painel do Leitor", pág. A3, 7/7), diretor do Sindicato dos Farmacêuticos de Minas Gerais, mostra o quanto esse senhor é novato -não apenas no sobrenome. O meu artigo "Tolerância zero nas farmácias", publicado em 4/7 na seção "Tendências/Debates", teve o condão de provocar os eventuais destinatários a pôr a cabeça de fora."
José Eduardo Bandeira de Mello, diretor-geral do Aché Laboratórios e vice-presidente do Ciesp Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)



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