São Paulo, segunda-feira, 11 de julho de 2005

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DIREITO DE ANIMAIS

A natureza é cruel. Essa é uma lei universal que pode ser depreendida da simples observação das relações ecológicas entre espécies e indivíduos. Reconhecer esse fato deveria ser um pré-requisito para os defensores de direitos dos animais. Infelizmente, não é, e freqüentemente surgem reivindicações românticas pelo fim da utilização de animais em pesquisas e no ensino.
Ceder a esses apelos pode ser tentador -principalmente para quem queira agradar a um grupo grande e influente de defensores de animais-, mas seria contraproducente para a ciência e a medicina, as quais procuram produzir benefícios para o conjunto da humanidade.
Exceto pelos sádicos, nenhum cientista aprecia sacrificar cobaias, mas existem inúmeras situações em que isso é crucial para pesquisas que podem em princípio resultar em importantes avanços médicos. Um exemplo eloqüente é o de experimentos que visam a verificar o efeito da injeção de células-tronco sobre órgãos avariados. Aqui não há como escapar ao sacrifício do animal para autopsiar o órgão e saber se houve ou não a regeneração pretendida.
O mesmo vale para o ensino médico. Cirurgiões não nascem prontos. É até possível que em breve surjam simuladores realistas o bastante para que se possa prescindir da utilização de animais. Mas, por enquanto, estudantes ainda precisam praticar em organismos vivos.
Reconhecer a necessidade de utilizar animais não significa que devamos maltratá-los. Em muitos casos, as cobaias podem ser anestesiadas. E o uso de animais deve ser limitado às situações em que isso seja imprescindível. Só o que não faz sentido é afirmar que existe um impedimento moral absoluto a todo tipo de pesquisa que implique sacrifício ou dano de outros seres vivos.
Se levássemos essa suposta ética ao extremo, só poderíamos nos alimentar de frutas e e outras partes de vegetais cujo consumo não implique a morte do espécime.

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