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BRASIL, TERCEIRO MUNDO
Os resultados mais recentes do Índice de Desenvolvimento Humano,
calculado pela ONU, confirmam o
Brasil como país do Terceiro Mundo.
Entre os 174 países para os quais foram combinados indicadores econômicos, de saúde e educação, o Brasil
fica em 79º lugar. Países cujas economias são tidas como em desenvolvimento -que parecem capazes de se
aproximar dos padrões de nações
mais avançadas- estão em melhor
posição que o Brasil.
Grécia, México, Coréia do Sul, Chile, Argentina, Polônia e Tailândia são
alguns dos exemplos mais notórios e
que recentemente também estiveram
sujeitos a fortes crises econômicas.
Dos países "emergentes", com economias de tamanho médio e portanto candidatos a ocupar mais espaço
na economia global, há somente
duas exceções em posições piores
que a do Brasil: África do Sul e China.
Mas a África do Sul mal começou a
superar um regime de décadas de exclusão social e racismo aberto. E a
China, em 98º lugar, vem melhorando rapidamente seus padrões de desenvolvimento humano. Entre 90 e
97, o país melhorou sua situação em
20,66%. No Brasil o mesmo indicador teve melhora de 10,73%.
Mas o relatório da ONU revela que
o ideal de aproximação gradativa dos
padrões vigentes no Primeiro Mundo
está longe de ser realizado para o
conjunto da humanidade. Nesta década surgiram novas barreiras para
os mais pobres: a tecnologia da informação e a manipulação das organizações econômicas globais em benefício dos países mais desenvolvidos.
Causa perplexidade, por exemplo,
que países com desenvolvimento
consolidado, como os EUA e o Japão,
tenham ainda assim continuado a
melhorar seus padrões de vida com
intensidade semelhante à registrada
pela China emergente, 17,93% e
19,53%, respectivamente.
A globalização da última década, se
de fato criou novos ricos em partes
do mundo, foi incapaz de reduzir o
hiato entre pobres e ricos.
As instituições globais refletem a
desigualdade. A própria ONU diz
que a OMC (Organização Mundial
do Comércio), agente da liberalização econômica, progrediu mais que a
Organização Ambiental Mundial.
Houve mais avanço "nas normas,
padrões, políticas e instituições para
abrir os mercados mundiais do que
para as pessoas e seus direitos".
Trata-se de retrato lúgubre de uma
época à qual não faltam propagandistas com olhos voltados apenas para a liberalização de mercados. Uma
visão mais ampla serve de alerta. Um
alerta ainda mais inquietante quando
se confirma a paralisia do Brasil e a
incapacidade do seu governo de participar do movimento em favor de
uma ordem mundial menos iníqua.
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