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São Paulo, segunda-feira, 11 de agosto de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Sem traição
"Muitos críticos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva afirmam que a reforma previdenciária é uma traição aos compromissos de campanha. Nada mais falso. Em seu programa de governo, Lula colocou a reforma da Previdência como uma de suas prioridades e, nele, encontrei os seguintes trechos: "Um dos maiores desafios políticos e administrativos do futuro governo é o equacionamento da questão previdenciária. Essa profunda reformulação deve ter como objetivo a criação de um sistema previdenciário básico universal, público, compulsório, para todos os trabalhadores brasileiros, do setor público e privado (...) com o valor do piso e teto de benefícios de aposentadoria claramente definido"." É digno de elogio que o presidente cumpra o que estava escrito em seu programa de governo."
Marcos Doniseti Vicente (Salto, SP)

Democracia
"Brilhante o artigo "Democracia e conflito" ("Tendências/Debates", pág. A3, 10/ 8), do ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira. Que aula de democracia! Que esse pensamento claro, objetivo, profundamente democrático e suprapartidário seja o bastião do pensamento dos políticos e da sociedade brasileira."
Lilian Schafirovits Morillo (São Paulo, SP)
 
"Pensei em contestar o que Marilena Chaui proferiu na Folha em 3/8 -"democracia é conflito, não ordem'-, mas deixei pra lá. Ontem, vi Luiz Carlos Bresser Pereira fazer coro com a professora de filosofia, embora de maneira mais branda. Não dá para calar. Conflitos existem desde que o mundo é mundo, existindo apenas variação quanto a ser permitida ou não a livre manifestação, segundo o regime, democrático ou totalitário, nessa ordem. Uma horda invadindo propriedade alheia ou saqueando caminhões, com bandeiras de uma organização clandestina, não é conflito nem muito menos manifestação democrática. É baderna de primeira grandeza. E isso é coisa que nenhum governo, por mais democrático ou de esquerda que seja, pode tolerar."
Bob Sharp (São Paulo, SP)

Tensões
"As tensões sociais que recentemente vêm sendo provocadas por alguns segmentos da sociedade procuram desestabilizar o governo, visando ao benefício de uma classe. Acredito que, se cada um olhar apenas para o próprio umbigo, não conseguiremos chegar a lugar nenhum, ainda mais quando se recorre ao recurso do banalismo moral e social -como a baixaria que ocorreu em Brasília. Mas o governo precisa investir mais e melhor em programas sociais, aliando-se a instituições sérias e honestas da sociedade e condicionando qualquer tipo de ajuda aos excluídos à frequência de seus filhos na escola."
José Batista de Carvalho Filho (Campinas, SP)

Privilegiados
"Têm toda razão todos quantos dizem que os militares são uns "privilegiados". Cidadãos dotados de higidez física e mental, submeteram-se a concurso de âmbito nacional para integrar instituições permanentes que prestam relevantes serviços ao país, têm deveres e direitos muito bem definidos por lei, motivos pelos quais a sociedade os reconhece como merecedores de vantagens, de prerrogativas e de remuneração compatíveis com o seu status social e a renda da nação, quer durante o serviço ativo ,quer na inatividade, quando escasseia o vigor físico, permanecendo o cívico. No jargão popular: uns privilegiados."
Paulo Marcos Gomes Lustoza, capitão-de-mar-e-guerra (Rio de Janeiro, RJ)

Globo
"A TV Globo se sente gratificada pelo reconhecimento da Folha, até em editorial, do papel da Globo como "um modelo de indústria do entretenimento que ajudou a moldar a cultura de massas e a imaginação popular no Brasil dos últimos decênios" e da importância do nosso jornalismo, entre outras qualidades ressaltadas na cobertura da morte do jornalista Roberto Marinho. Mas são necessários os seguintes esclarecimentos: 1) a TV Globo jamais foi porta-voz dos militares, que tinham os seus próprios funcionários e a possibilidade de convocar cadeia nacional de rádio e televisão (em 65, quando foi fundada, a Globo até mesmo irritou os militares ao, inadvertidamente, não participar de uma delas). Se, em 64, Roberto Marinho apoiou o movimento militar, a Folha e outros jornais também o fizeram; 2) a Folha diz que a TV Globo cresceu no regime autoritário, mas se esquece de informar que foi por méritos próprios. Sua audiência cresceu em razão da qualidade de sua programação, reconhecida até por seus adversários mais severos. E sua receita publicitária acompanhou a audiência, como é natural. Roberto Marinho jamais recebeu concessão nenhuma de TV dos militares (no período, as que obteve, adquiriu-as comprando de particulares). Foram os seus concorrentes que receberam, de graça, dos militares, concessões que, no conjunto, formaram duas redes de TV; 3) ainda sobre o regime militar, a Folha diz que "as empresas do grupo se adaptaram às regras impostas pelos governantes" em relação ao noticiário político e econômico. Qualquer pessoa medianamente informada sabe que, no período, toda a imprensa brasileira sofreu draconiana censura prévia. A TV Globo não somente não foi exceção como foi a que mais sofreu, já que, desde então, é o veículo com maior audiência e maior alcance nacional; 4) a Folha afirma também que, "no primeiro semestre de 84, a Rede Globo ignorou completamente as manifestações populares em favor das eleições diretas para a Presidência da República" e que foi somente a partir do comício da Candelária que a TV transmitiu reportagem completa. Isso não é fato. Durante todo o ano de 83, a TV Globo noticiou todos os passos da movimentação política da emenda Dante de Oliveira em seus telejornais, com entrevistas com líderes da oposição, desde que a emenda começou a tramitar. E todos os comícios das diretas, repetimos, todos, foram objeto de reportagens em nossos telejornais, incluindo o da Sé, numa edição do "Jornal Nacional" que, depois de mostrar a multidão, de dizer que ela não arredava o pé dali nem com a chuva, de mostrar o palanque repleto de políticos e artistas, se encerrava com trecho do discurso de Franco Montoro. O então governador de São Paulo afirmava que, após conquistar a anistia ampla, geral e irrestrita e o direito de eleger os governadores, os brasileiros precisavam conquistar o direito de votar para presidente. Nosso Centro de Documentação está aberto para que a Folha assista a todas as reportagens aqui citadas; 5) a Folha diz também que "Collor e Marinho se entenderam até agosto de 92, quando a campanha pela destituição do presidente já tinha sido encampada por toda a sociedade". Sobre isso, a TV Globo também convida a Folha a uma visita ao seu Centro de Documentação para que veja que a cobertura do impeachment começou, com intensidade, desde o momento em que as denúncias de Pedro Collor eclodiram e seguiram até o julgamento do presidente pelo Senado, em 28 de dezembro daquele ano."
Luis Erlanger, Central Globo de Comunicação (Rio de Janeiro, RJ)

Pelo sim, pelo não
"O leitor Ayres Pereira Filho ("Painel do Leitor", 9/8) considera uma vergonha o Brasil ter tão poucas medalhas de ouro nos Jogos Pan-Americanos, principalmente quando se compara com Cuba, que tem 7% da nossa população. Eu acho que a colocação dos dois países neste Pan está acima da expectativa. Na mais recente pesquisa de Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, o Brasil é o 15º país das Américas. Portanto, o quinto posto no quadro de medalhas é incoerente. A segunda colocação de Cuba, que na escala de IDH é o 9º país do continente, é mais incoerente ainda. Pelo sim, pelo não, prefiro a minha parte em liberdade de ir e vir e de falar o que penso."
Hermínio Silva Júnior (São Paulo, SP)



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