São Paulo, sábado, 11 de setembro de 2004

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CLÓVIS ROSSI

A batalha do conhecimento

SÃO PAULO - Peço de saída desculpas ao leitor por tratar de um tema árido e de pouco Datafolha (prefiro-o ao Ibope). Mas, quando comecei a brincar com temas de comércio internacional, a sensação de solidão era ainda mais portentosa.
Depois, graças aos episódios de Seattle, na conferência ministerial da Organização Mundial do Comércio, à crise da "vaca louca" com o Canadá e, mais recentemente, aos Fla-Flus vencidos pelo Brasil contra Europa (açúcar) e EUA (algodão), o tema ficou um pouquinho mais na moda -e é agradável pensar que ajudei o leitor da Folha a antecipá-los.
Agora, a questão é propriedade intelectual ou respeito às patentes. Está começando nova batalha em organismos internacionais (desta vez na OMPI, ou Organização Mundial de Propriedade Intelectual, a que dita as normas na área).
O governo brasileiro parte do pressuposto de que a moderna economia do conhecimento transformou os países ricos em "rentistas", expressão de um diplomata.
Rentistas porque são eles que geram conhecimento e, ao vendê-lo mundo afora, recebem a renda correspondente, mais e mais superior ao da produção tradicional.
Se as regras de proteção à propriedade intelectual forem rígidas demais, países como o Brasil jamais poderão aceder à produção de conhecimento e, por extensão, entrar nessa nova economia.
O governo alega que não se trata de estimular a pirataria com regras frouxas. Consta até que o brasileiro que inventou o Bina (o aparelho de identificar quem telefonou) luta até hoje para receber os direitos pelo seu invento, fartamente copiado.
Pode-se ou não comprar a tese do governo, mas o fato é que esse tipo de decisão, que será tomada em Genebra, acaba sendo mais importante para o futuro da economia, a médio e a longo prazos, do que as decisões em Brasília do Congresso e do Copom.
Não diga, pois, que não avisei.


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