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CLÓVIS ROSSI
A batalha do conhecimento
SÃO PAULO - Peço de saída desculpas ao leitor por tratar de um tema árido
e de pouco Datafolha (prefiro-o ao
Ibope). Mas, quando comecei a brincar com temas de comércio internacional, a sensação de solidão era ainda mais portentosa.
Depois, graças aos episódios de
Seattle, na conferência ministerial da
Organização Mundial do Comércio,
à crise da "vaca louca" com o Canadá e, mais recentemente, aos Fla-Flus
vencidos pelo Brasil contra Europa
(açúcar) e EUA (algodão), o tema ficou um pouquinho mais na moda
-e é agradável pensar que ajudei o
leitor da Folha a antecipá-los.
Agora, a questão é propriedade intelectual ou respeito às patentes. Está
começando nova batalha em organismos internacionais (desta vez na
OMPI, ou Organização Mundial de
Propriedade Intelectual, a que dita as
normas na área).
O governo brasileiro parte do pressuposto de que a moderna economia
do conhecimento transformou os países ricos em "rentistas", expressão de
um diplomata.
Rentistas porque são eles que geram conhecimento e, ao vendê-lo
mundo afora, recebem a renda correspondente, mais e mais superior ao
da produção tradicional.
Se as regras de proteção à propriedade intelectual forem rígidas demais, países como o Brasil jamais poderão aceder à produção de conhecimento e, por extensão, entrar nessa
nova economia.
O governo alega que não se trata de
estimular a pirataria com regras
frouxas. Consta até que o brasileiro
que inventou o Bina (o aparelho de
identificar quem telefonou) luta até
hoje para receber os direitos pelo seu
invento, fartamente copiado.
Pode-se ou não comprar a tese do
governo, mas o fato é que esse tipo de
decisão, que será tomada em Genebra, acaba sendo mais importante
para o futuro da economia, a médio e
a longo prazos, do que as decisões em
Brasília do Congresso e do Copom.
Não diga, pois, que não avisei.
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