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FERNANDO RODRIGUES
Marta e a fila
BRASÍLIA - Há três meses, Marta Suplicy estava no chão. Há um mês,
reagiu bem. A euforia do PT disparou. Agora, bateu a paranóia. Há dúvidas sobre se a prefeita paulistana
terá fôlego para derrotar o tucano José Serra no segundo turno da disputa
mais importante do país.
A conseqüência mais visível de
uma eventual derrota de Marta é o
desarranjo da fila de espera dentro
do PT. Como se sabe, em política
existe fila. Dentro dos agrupamentos
partidários, cada um espera sua vez.
Essa é uma regra de ouro.
Um caso clássico de "fura fila" foi
Ciro Gomes. Queria ser presidente.
Saiu do PSDB. Foi para o PPS. Perdeu duas eleições, em 1998 e 2002.
Hoje, vive às turras com seu partido e
é ministro de Lula. Na política, nem
sempre é bom furar uma fila.
Pois a fila do PT estava pronta.
Marta é reeleita. Em 2006, de sua
trincheira paulistana, ajuda Lula a
ganhar mais quatro anos no Planalto. Aloizio Mercadante é eleito governador de São Paulo. Políticos do mesmo partido, o PT, estariam no comando da República, do maior Estado e da maior cidade do país.
E tinha mais. Em 2009, depois de
dar posse a seu sucessor (Rui Falcão),
Marta sairia como "a prefeita que
melhor governou a cidade de São
Paulo". Em 2010, José Dirceu seria
eleito senador. Lula, grande estadista, depois de envergar o título de primeiro operário a ocupar o Planalto,
comandaria a eleição da primeira
mulher na Presidência da República.
Quem? Marta Suplicy, claro.
Se Marta perder para Serra, esse roteiro rocambolesco vai para a lata do
lixo. Pior. Para o PT, representará
uma bagunça na fila. A então ex-prefeita, desempregada, imediatamente
passaria a pleitear sua volta como
candidata ao Palácio dos Bandeirantes. Aloizio Mercadante teria duas
opções: espantar a fura fila ou resignar-se. Escolha difícil.
Ao falar sobre crise com a sua derrota, Marta estava certa. Será uma
tremenda crise. Dentro do PT.
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