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ELIANE CANTANHÊDE
"Risco santo"
BRASÍLIA - Como todo mundo sabe, mineiro trabalha em silêncio. Quando Itamar Franco (mineiro nascido
na Bahia) lança Aécio Neves, que se
desmancha em elogios a José Alencar, que acha Itamar um grande brasileiro, a conclusão é óbvia: alguma
eles andam aprontando.
Como regra, ex-presidente, governador de Minas e vice-presidente da
República são sempre candidatos potenciais à Presidência. Temos, pois,
que, no mínimo, Itamar, Aécio e
Alencar se sentem candidatíssimos.
Como os três não param de falar
bem uns dos outros, imagina-se que
estejam trabalhando em silêncio, por
exemplo, uma aliança mineira. Meio
naquela linha vitoriosa, e histórica,
entre Tancredo Neves (ex-PSD e então PMDB) e Aureliano Chaves (ex-UDN e então PDS). Era a aliança impossível, foi forjada sobe o lema de
"que dispute o melhor" e deu a vitória a Tancredo, ao PMDB e à oposição ao regime militar.
Os tempos são outros e, cá para nós,
os personagens também. Mas os mineiros querem deixar para trás o
trauma de ter a seqüência de Hélio
Garcia e Newton Cardoso durante
tanto tempo e recuperar um lugar ao
sol na política nacional. E se unem,
para sobreviver a São Paulo.
Se eles têm chance de enfrentar
uma candidatura de Lula pelo PT e
pelo governo e outra de Serra ou
Alckmin pelo PSDB e pela oposição,
isso é outra história. Mas a mineirada está assanhada.
Para conferir, vire as páginas. A entrevista de José Alencar à Folha é de
quem está com um pé na Presidência,
agora ou a partir de 2006. "O sr. está
pronto?", perguntamos a ele. E Alencar: "Claro, absolutamente". Para
quem gosta da política econômica de
juros altos, é de ficar de cabelo em pé.
Para quem está louco para mudar,
ele se declara um "risco santo".
Ah! Por falar nisso, além do mito de
que "Minas trabalha em silêncio", há
aquele velho outro, de que paulista é
arrogante, e mineiro, humildezinho.
Se isso é humildade...
elianec@uol.com.br
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