São Paulo, domingo, 11 de setembro de 2005

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PAINEL DO LEITOR

Ética e moral
"O excelente editorial "Severino em queda" (Opinião, 9/9) é uma lição para que a nação brasileira reflita não só sobre a dimensão da crise política e de governabilidade mas, sobretudo, acerca da profundidade da crise ética e moral que contamina alguns setores dos Poderes da República. Ora, a corrupção não é uma grandeza física que pode ser mensurada apenas por determinado padrão: "mensalinho" ou "mensalão". A atitude do corrupto, antes de tudo, é uma posição de violação aos valores mínimos estabelecidos como legais, morais e, acima de tudo, éticos. Qualquer atitude que viole os valores do direito e da ética é um ato criminoso e de lesa-pátria. Esse triste episódio que envolve o presidente da Câmara dos Deputados mostra que não é o valor monetário x ou y concernente ao suborno a parte mais chocante do ato delituoso. O que nos deixa indignado é a atitude de um homem de Estado valer-se do poder para auferir vantagens ilícitas e criminosas. Aqui não se discute se é R$ 1, R$ 10 mil ou R$ 20 mil, mas, sim, a atitude de um homem público."
Georgino Melo e Silva (Florianópolis, SC)

"É insuportável ver, uma vez mais, um corruptor vertendo suas lágrimas na Primeira Página do jornal. É hora de acabar também com essa hipocrisia. O pobrezinho empresário pagou porque pôde, porque quis, porque isso é uma prática institucionalizada entre todos, desde sempre. Afinal, as ruas das cidades podem receber restaurantes, e o senhor Burani, se não fosse conivente com a prática, se não se beneficiasse da clientela certa e de outras vantagens, iria, como outros concorrentes seus, dar duro em outra freguesia. Chega de desfaçatez. Chega de apontar nos outros os erros que nossa sociedade permite e incentiva. Chega dessa falsa idéia de que a pureza será resgatada excluindo os defeitos que estão sempre no outro. É fácil e covarde."
Sheila Schvarzman (São Paulo, SP)

"O articulista Clóvis Rossi sugeriu, em seu artigo de 9/9, "proibir a candidatura" dos 300 deputados que votaram em Severino Cavalcanti. A Folha poderia prestar o grande serviço de investigar e publicar os nomes dos respectivos eleitores do rei do baixo clero. Nós, eleitores, faremos a outra parte."
Edilson Adão (São Paulo, SP)

Ex-presidentes
"Impressionante o volume de opiniões e impressões que o ex-presidente FHC consegue divulgar via Folha. Quem não conhece acha que se trata de um estadista que saiu do governo com aprovação excelente, com um IDH muito melhor do que o atual ou que o país estava em situação financeira invejável. E nenhuma denúncia de corrupção, é claro. Caso fosse prática corrente escutar ex-presidentes, teríamos também as opiniões de Sarney e Itamar, o que não ocorre."
Sergio Pereira Amzalak (Belo Horizonte, MG)

Combate ao tráfico
"Decepcionante a declaração do superintendente da Polícia Federal no Rio, José Milton Rodrigues, que anunciou sua pretensão de suspender temporariamente as operações de combate ao narcotráfico e ao crime organizado por falta de acomodações para os presos ("PF pára ações em disputa com governo do RJ", Cotidiano, 9/9). É claro que essa reação se deve à decisão do governo do Estado de não querer mais aceitar detentos federais. Nós, os cidadãos de bem, não podemos ser vítimas dessas desavenças entre os governos estadual e federal. Será que as polícias irão cruzar os braços diante dessa crise meramente política?"
Deborah Farah (Rio de Janeiro, RJ)

Uniformes
"Creio ter a solução para a polêmica propaganda nos uniformes escolares em São Paulo. Acreditando piamente que as empresas apenas desejam demonstrar o seu compromisso para com a qualidade do ensino público, elas darão o dinheiro para a confecção dos uniformes. Apenas isso. Nenhuma estampa será confeccionada nas camisetas. Haverá, no máximo, uma dedução no Imposto de Renda dessas empresas tão beneméritas, extremamente preocupadas com o ensino de qualidade. Que elas esperem a recompensa dos céus, aliás a única coisa que os pobres dessa terra têm como certeza há muito tempo."
Marcos Antonio Corrêa (Ourinhos, SP)

"Parece-me bastante ridícula a colocação que se está fazendo sobre o patrocínio nos uniformes escolares das escolas municipais de São Paulo. Tenho lido as manifestações de leitores que não querem que seus filhos se tornem "outdoors ambulantes" ou se sintam diminuídos perante os alunos de escolas particulares. Ora, as crianças vivem sonhando em serem algum dia Ronaldos, Kakás, Robinhos... E esses jogadores não são "outdoors ambulantes'? São milionários e, mesmo assim, ostentam patrocínios. E não se sentem diminuídos, muito pelo contrário. E que dizer dos alunos de escolas particulares? Não são também expositores dos logotipos de seus colégios? Isso não é publicidade? Por favor, gente, chega de bobagem. Que venha o patrocínio -se ele for bem regulamentado e se é para trazer vantagens para nossa cidade."
Leonice Lopes da Costa (São Paulo, SP)

Brasília
"Todo mundo fala bem do presidente JK, até o nosso presidente Lula, mas só Nelson Motta ("O erro monumental de JK", Opinião, 9/9) lembrou que JK também construiu Brasília (algum economista já calculou a que custo?). A capital nacional, isolada da pressão popular, contribui para que a classe política cometa seus atos impunemente (o reajuste indecente do Legislativo nunca seria aprovado se a capital fosse no Rio ou em São Paulo). Precisamos de um estadista que tenha a coragem de transferir a capital federal para alguma cidade de verdade, com favelas, trânsito engarrafado, poluição e violência, tudo isso bem próximo de nossos governantes."
Fernão de Souza Vale (Campinas, SP)

"Apesar de fã de Nelson Mota e de sua coluna, tenho de discordar de suas afirmações de 9/9. Acho errado dizer que o povo brasileiro se resume ao povo do Rio, que iria fiscalizar e cobrar um governo federal lá instalado. Na verdade, tanto em Brasília como em todas as cidades do Brasil, já vi o povo na rua protestando e exigindo seus direitos. Também discordo do colunista sobre o poder de fiscalização do povo carioca, pois, durante o período de capital federal, o Rio assistiu a ditaduras, corrupção, coronelismos e elitismos iguais ou maiores que os atuais em Brasília."
Germano Rios Ferreira (Uberaba, MG)

Reforma
"Sempre admirei o grande escritor, psicanalista e, principalmente, professor Rubem Alves. Suas crônicas, textos e livros me encantam -o que, acredito, aconteça com muitos leitores. Hoje gostaria de parabenizá-lo pelo maravilhoso texto de domingo passado, "A hora da tristeza" ("Tendências/Debates", pág. A3), no qual, de forma concisa, simples e maviosa, fala da estupefação que acomete todo o povo brasileiro. Como seria maravilhoso se a tão sonhada reforma política começasse com as suas sugeridas palavras."
Maíza Costa Neiva (São Paulo, SP)

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