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MAIS POBRES
Não é propriamente novidade
que tenha aumentado, em
1999, o contingente de pessoas consideradas pobres no Brasil. Cálculos
da pesquisadora Sônia Rocha, do
Ipea, instituto de pesquisas do governo federal, estimam que, no ano passado, eram 54,1 milhões os brasileiros cuja renda não era bastante para
dar conta de despesas básicas com
alimentação, vestuário, saúde e educação. Se em 98 a pobreza atingia
33,4% da população, esse índice subiu para 34,9% no ano seguinte.
Como foi um período de crise, cujo
estopim foi a falência da âncora cambial, era de esperar que 99 apresentasse resultados piores que os de 98
no que diz respeito à renda da fatia
da população mais pobre. Menos
ruim que, de acordo com os cálculos
da pesquisadora, de 98 para 99 tenha
havido discreto alívio na proporção
de indigentes na população brasileira. Indigentes são os que não possuem renda suficiente nem mesmo
para para necessidades alimentares.
Mais interessante que ater-se às oscilações anuais desses índices que
vêm ganhando ressonância na mídia, é entender o padrão de seu comportamento num período mais longo. O plano de estabilização econômica implantado em 94, tendo obtido sucesso em debelar a inflação, foi
o grande responsável por baixar os
índices de pobreza, que superavam o
patamar dos 40%, para a faixa em
que se encontram até hoje.
Ou seja, sem uma ação inovadora,
desta feita no campo das políticas sociais, é provável que o comportamento dos índices de pobreza apresente um ritmo de diminuição muito
aquém do desejado, só perceptível
em longuíssimo prazo, para um país
tão iníquo como o Brasil.
Elaborar programas que acertem
mais no foco da distribuição da renda é uma tarefa das mais complicadas, pois toca necessariamente nos
tradicionais meios por onde escoa o
gasto público no Brasil. Infelizmente, a timidez do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso nesse
campo continua notória.
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