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Brindes para médicos
O CONSELHO Federal de Medicina (CFM) pretende
regulamentar a distribuição de benefícios que as indústrias farmacêutica e de equipamentos hospitalares oferecem
aos médicos. A norma, que incidirá sobre presentes e até pagamento de almoços e passagens,
deve integrar o novo código de
ética em discussão na entidade.
Se efetivamente adotada, a iniciativa será um passo positivo
para reforçar a confiança na relação médico-paciente. É importante normatizar o vínculo entre
indústria e classe médica. A distribuição de presentes para profissionais da saúde é uma prática
antiga que promove uma promiscuidade perigosa.
Não se trata de questionar a
importância da indústria farmacêutica. De seus grandes investimentos em pesquisa emergem
medicamentos cada vez mais eficazes. O conhecimento médico,
por outro lado, deveria ser relativamente protegido da ação do
lobby industrial, para formar
com mais desenvoltura seus próprios juízos acerca de que fármacos indicar a seus pacientes.
Nos Estados Unidos, uma iniciativa semelhante à estudada no
Brasil entrará em vigor em janeiro. O novo código de conduta do
setor farmacêutico proibirá a
distribuição de brindes naquele
país. Apenas palestras e consultorias remuneradas continuarão
sendo permitidas aos médicos.
A reforma no código brasileiro
pretende tratar de outros assuntos polêmicos, como a regulamentação de pesquisas com seres humanos e a ortotanásia -a
suspensão do tratamento de pacientes terminais sem chance de
cura. Haverá nova rodada de de
discussão em fevereiro. São temas delicados, sujeitos a contestações de ordem ética e religiosa.
Ao menos no tocante à relação
entre laboratórios e médicos, no
entanto, a versão final da norma,
a ser adotada em agosto de 2009,
deverá gerar benefícios de difícil
questionamento.
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