São Paulo, sábado, 11 de outubro de 2008

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CLÓVIS ROSSI

Ainda sobrou um otimista

MADRI - Não está entendendo o que ocorre na ciranda financeira global? Quase ninguém está. Tanto que dois professores de universidades de um mesmo país, os Estados Unidos, escrevem textos diametralmente opostos sobre o que vai acontecer com o mundo.
Em seu "site" e na entrevista que deu a Sérgio Dávila, desta Folha, Nouriel Roubini, da Universidade de Nova York, prevê o apocalipse, fiel à todas as suas previsões anteriores: "O mundo corre sério risco de um derretimento global sistêmico e de uma severa depressão global".
Já Casey B. Mulligan (Universidade de Chicago) diz o oposto. "O setor não-financeiro de nossa economia não sofrerá muito, mesmo em uma prolongada crise bancária, porque a importância geral dos bancos tem sido muito exagerada".
O pior é que ambos trabalham não apenas com suas opiniões -firmes, muito firmes, como se vê- mas também com números da vida real. Os de Roubini já são conhecidos, e 99,9% das pessoas que comandam o mundo parecem acreditar neles.
Por isso, repasso ao leitor -que merece um pouco de cor-de-rosa- os números de Mulligan: 1 - Balanços das empresas dos EUA mostram nos últimos 18 meses um retorno de 10 centavos de dólar para cada dólar de capital investido. A média histórica, antes da crise, é inferior (entre 7% e 8%).
2 - "A pesquisa econômica tem demonstrado repetidamente que as oscilações do setor financeiro como as atuais dificilmente estão conectadas com a performance do setor não-financeiro. Estudos mostram que o crescimento econômico não pode ser previsto a partir da expectativa de retorno de títulos do governo, ações ou depósitos em poupança".
Não tenho a mais remota idéia de qual dos dois está certo (talvez nenhum esteja inteiramente certo), mas meu coração está com o professor de Chicago, quem diria.

crossi@uol.com.br



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