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CLÓVIS ROSSI
Ainda sobrou um otimista
MADRI - Não está entendendo o
que ocorre na ciranda financeira
global? Quase ninguém está. Tanto
que dois professores de universidades de um mesmo país, os Estados
Unidos, escrevem textos diametralmente opostos sobre o que vai
acontecer com o mundo.
Em seu "site" e na entrevista que
deu a Sérgio Dávila, desta Folha,
Nouriel Roubini, da Universidade
de Nova York, prevê o apocalipse,
fiel à todas as suas previsões anteriores: "O mundo corre sério risco
de um derretimento global sistêmico e de uma severa depressão
global".
Já Casey B. Mulligan (Universidade de Chicago) diz o oposto. "O
setor não-financeiro de nossa economia não sofrerá muito, mesmo
em uma prolongada crise bancária,
porque a importância geral dos
bancos tem sido muito exagerada".
O pior é que ambos trabalham
não apenas com suas opiniões -firmes, muito firmes, como se vê-
mas também com números da vida
real. Os de Roubini já são conhecidos, e 99,9% das pessoas que comandam o mundo parecem acreditar neles.
Por isso, repasso ao leitor -que
merece um pouco de cor-de-rosa-
os números de Mulligan:
1 - Balanços das empresas dos
EUA mostram nos últimos 18 meses um retorno de 10 centavos de
dólar para cada dólar de capital investido. A média histórica, antes da
crise, é inferior (entre 7% e 8%).
2 - "A pesquisa econômica tem
demonstrado repetidamente que
as oscilações do setor financeiro
como as atuais dificilmente estão
conectadas com a performance do
setor não-financeiro. Estudos mostram que o crescimento econômico
não pode ser previsto a partir da expectativa de retorno de títulos do
governo, ações ou depósitos em
poupança".
Não tenho a mais remota idéia de
qual dos dois está certo (talvez nenhum esteja inteiramente certo),
mas meu coração está com o professor de Chicago, quem diria.
crossi@uol.com.br
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