![]() São Paulo, sábado, 11 de outubro de 2008 |
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FERNANDO RODRIGUES O pânico derivado
NOVA YORK - A boataria dominou os mercados ontem. Ford e GM
tiveram de negar que estivessem falindo ou pedindo concordata. A Casa Branca precisou declarar desinteresse pelo plano de decretar feriado nos mercados financeiros. O
presidente norte-americano praticamente pediu clemência às Bolsas
de Valores num depoimento infeliz
e ineficaz na TV.
Nada adiantou. Ontem a Bolsa de
Valores de Nova York fechou sua
pior semana nos seus 112 anos de vida. Os papéis despencam há oito
pregões consecutivos. A semana
acumulou uma desvalorização de
18%. Já se pode usar, sem medo de
errar, a expressão "crash" (quebra)
dos mercados. É importante registrar esse momento, pois as quedas
recentes eram ainda sempre menores em algum sentido do que as registradas em anos passados.
A diferença agora parece ser o total descontrole dos agentes reguladores nos Estados Unidos, a incompetência e a tibieza política de
George W. Bush e a globalização
completa do mercado de ações.
Em nenhum dos outros "crashes"
o mundo estava tão integrado. Mesmo no início da década, quando explodiu a bolha das empresas "pontocom", tratava-se de um setor específico. Havia ramificações, mas
nada comparável à explosão dos
chamados derivativos.
Há na praça US$ 531,2 trilhões de
contratos de derivativos. Grosso
modo, uns 500 "Brasis". Em 2002, o
total era de US$ 106 trilhões. Não se
sabe exatamente o quanto, mas
uma parcela gigantesca desses papéis não vale nada. Esse é o DNA do
atual colapso financeiro.
Se as reuniões do G7 e do G20 não
chegarem a um consenso neste fim
de semana sobre como tornar esse
tipo de mercado mais regulado, nada adiantará injetar dinheiro nos
bancos. Será como enxugar gelo.
Não há US$ 531 trilhões disponíveis
para que todos os derivativos sejam
honrados no mundo.
frodriguesbsb uol.com.br |
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