São Paulo, sábado, 11 de novembro de 2000

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VALDO CRUZ
PT do PSDB

BRASÍLIA - Um banqueiro é nomeado para uma Secretaria de Finanças e Desenvolvimento, fica encarregado de tocar os principais programas sociais da prefeitura e vai logo dizendo que não é possível fazer mágica.
Um partido se reúne em Brasília e, aqui e ali no auditório onde acontece o encontro, o que mais se ouve é que o tal do ajuste fiscal é fundamental. Que tem tanta importância quanto os programas sociais da agremiação.
Parece ou não o relato de acontecimentos relacionados ao PSDB, o partido do presidente Fernando Henrique Cardoso, acusado pelo PT de ter abandonado seu programa para aderir ao neoliberalismo?
Parece, mas não é. Foi a petista Marta Suplicy quem escolheu João Sayad para ser seu supersecretário, com amplos poderes na área social. E são governadores petistas, como Zeca do PT (MS), que estão pregando a necessidade do ajuste fiscal.
Agora, imagine só se o Armínio Fraga fosse chamado por FHC ao Palácio do Planalto e comunicado de que os principais projetos sociais do governo seriam de sua responsabilidade. Lembrar ainda as críticas petistas contra o ajuste fiscal de Pedro Malan nem é necessário.
Está errado o novo caminho do PT? Não, porque nem tão novo é assim. Ajuste fiscal já não é novidade em alguns governos petistas e a ojeriza a empresários e banqueiros estava, há muito tempo, restrita aos discursos de campanha eleitoral.
Dizer, por outro lado, que o PT estaria se aproximando do PSDB seria um exagero. Não é o caso. O governo FHC sempre esteve mais próximo da elite e, por muito tempo, nem se preocupou com a área social.
Já os petistas estão ligados desde a origem de seu partido às classes menos favorecidas e suas experiências de governo foram marcadas por projetos sociais inovadores.
Mas também é notório que o Partido dos Trabalhadores vai, aos poucos, adotando linhas de governo que antes criticava. Descobriu que com o antigo discurso nunca chegaria lá.


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