|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Cardeal
Eugênio Sales
Dom Eugênio completou 80
anos no dia 8 de novembro. Sua
vida totalmente dedicada à Igreja tornou-se, nesta semana, graças à ampla
divulgação dos jornais, conhecida e
admirada por mais pessoas: sua família e infância, a vocação para o seminário, a alegria da ordenação sacerdotal, os primeiros ministérios e a escolha para o episcopado em 1954, como
bispo auxiliar da Arquidiocese de Natal. Com apenas 34 anos, era, na época, um dos bispos mais jovens da Igreja.
Sucederam-se as iniciativas pastorais, primeiro em Natal e, aos poucos,
difundindo-se por muitas áreas do
Nordeste e do Brasil. Sobressaiu o zelo
criativo em ir ao encontro de graves
necessidades do povo de Deus. Procurou atender às populações rurais. Desenvolveu programas de catequese,
valendo-se dos meios de comunicação, especialmente do rádio. Talvez
muitos não saibam que a "Campanha
da Fraternidade", assumida mais tarde por todas as dioceses do país, teve
sua origem na ação pastoral de d. Eugênio em Natal.
Em poucos anos, novas responsabilidades vieram a pesar sobre seus ombros. Em 1968 foi nomeado, por Paulo
6º, arcebispo primaz de Salvador e, logo após, cardeal. Em 1971, foi chamado a substituir d. Jaime de Barros Câmara como arcebispo do Rio de Janeiro. Nessa trajetória de intenso serviço
eclesial e solidariedade humana
unem-se o empenho de pastor pela
evangelização e a solicitude por todos,
com especial atenção aos mais necessitados.
Louvamos a Deus ao constatarmos a
pastoral dos trabalhadores, a atenção
aos presidiários e a seus familiares e a
atuação nas favelas. Nos anos difíceis
do governo militar, opôs-se tenazmente à tortura e socorreu, com coragem e discrição, milhares de refugiados políticos em defesa dos direitos
humanos.
Merece destaque o esforço para
manter diálogo entre os diversos setores da sociedade, com sessões de estudo e oração, convocando, na Casa do
Sumaré, intelectuais, empresários, políticos, artistas e tantos outros.
A lista dos serviços prestados à Igreja é ampla, mas alcança seu nível mais
alto nas iniciativas em favor das famílias e dos jovens, das vocações e da formação dos seminaristas, das atenções
à vida consagrada e ao clero. Tem oferecido, a cada ano, aos irmãos no episcopado, dias de convívio, cursos de
atualização pastoral muito apreciados.
As qualidades do zeloso pastor e sua
incondicional fidelidade ao sucessor
de Pedro estreitaram laços de profunda veneração e amizade com o santo
padre. Dom Eugênio, desde o Concílio
Vaticano 2º, tem ocupado importantes cargos nos dicastérios romanos e
sua presença marcou os sínodos e as
reuniões do Celam e da CNBB.
A data de seu aniversário e a lembrança destes oito decênios consagrados ao serviço de Deus são ocasião para que elevemos preces de gratidão,
desejando que d. Eugênio continue
com zelo a dar testemunho de total
dedicação ao reino de Deus.
Gostaria de expressar minha estima
e afeto por sua pessoa, recordando um
fato simples, mas inesquecível. Há dez
anos, sofri, na estrada de Itabirito
(MG), um grave acidente de carro. Fiquei entre a vida e a morte. Estava nas
mãos de Deus. Após a operação no coração, permanecia a maior parte do
tempo entre dores e insônia. Dom Eugênio viajou do Rio de Janeiro para
Belo Horizonte e foi dos primeiros a
me visitar. Ao abrir os olhos, vi-o a
meu lado. Não podíamos conversar.
Abençoou-me e sorriu.
Obrigado, d. Eugênio!
D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.
Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Dom Eugênio Próximo Texto: Frases Índice
|