São Paulo, segunda-feira, 11 de novembro de 2002

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FERNANDO RODRIGUES

O PT e a Defesa

BRASÍLIA - Fosse há dez anos, a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva teria grande impacto sobre a área militar. Hoje, é quase um não-assunto.
Até a semana passada, pouca reação poderia existir. A equipe de transição de Lula ainda não havia tratado de Forças Armadas.
Os nomes de sempre são citados para a cadeira de ministro da Defesa. Além do deputado José Genoino (PT-SP), estão também na bolsa de apostas outros congressistas: Aldo Rebelo (PC do B-SP), Arlindo Chinaglia (PT-SP), Pedro Simon (PMDB-RS) e Hélio Costa (PMDB-MG).
O diplomata José Viegas Filho, da embaixada de Moscou, é outro ministeriável. Simpatizante do PT, participou no governo Itamar Franco da montagem de um documento sobre a política de defesa do país.
Os militares não vetam ninguém. Ouvem-se restrições pontuais. Genoino foi guerrilheiro. Aldo Rebelo é comunista. Chocante para alguns, mas aceitável para a maioria -desde que o próximo ministro da Defesa indicado por Lula se mantenha discreto como o atual, Geraldo Quintão.
A área da Defesa teve avanços políticos sob FHC. O Brasil tinha cinco ministros militares (Aeronáutica, Exército, Marinha, Estado Maior e Casa Militar). Todos perderam esse status. Um civil ocupa o cargo de ministro da Defesa há quatro anos.
Apesar dessas mudanças radicais, Geraldo Quintão tem poderes limitados. No organograma oficial, seu nome aparece ao lado, e não acima, dos comandantes militares.
Mais da metade dos cargos do Ministério da Defesa são preenchidos por determinação de gente fardada. Geraldo Quintão não se intromete. FHC adotou essa fórmula para diminuir as resistências dos militares às mudanças efetuadas.
Agora, quatro anos depois de sua criação, o Ministério da Defesa está pronto para funcionar de fato. É preciso contrariar interesses. A julgar pelos sinais captados no PT, é difícil imaginar Lula comprando esse desafio no início de seu governo.



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