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TRABALHO PRECÁRIO
Praticamente a metade dos
trabalhadores brasileiros não
possui carteira assinada -e esse número está crescendo. A conclusão,
extremamente preocupante, advém
de dados processados pelo IBGE a
pedido da Folha, com base na Pesquisa Mensal de Emprego realizada
regularmente pelo instituto.
O retrato, traçado a partir de seis regiões metropolitanas (portanto sem
abranger a área rural) é dramático:
42,7% dos que trabalham o fazem de
maneira informal, contra 43,6% formalizados. A soma não atinge 100%
devido a alguns setores não-computados, como funcionários públicos e
empregadores. Apenas as regiões
metropolitanas de São Paulo, Belo
Horizonte e Porto Alegre possuem
menos trabalhadores informais do
que formais. Nas do Rio de Janeiro,
Recife e Salvador a situação é inversa.
Embora o elevado número de pessoas trabalhando informalmente
não seja uma novidade, a situação
vem se agravando. É certo que as restrições econômicas, o baixo crescimento, as dificuldades enfrentadas
por empresas e o elevado desemprego conspiram a favor do recrudescimento da informalidade. Não se trata, no entanto, apenas disso. O chamado processo de "precarização" do
trabalho é um fenômeno que tem
ocorrido em escala global.
Há fortes pressões internacionais
para a redução do custo do emprego.
Propostas de reformas trabalhistas
com vistas a diminuir os ônus das
admissões e demissões estão na
agenda dos mercados e governos.
Lamentavelmente, o que se vê no
Brasil é que, mesmo com mudanças
a fazer na legislação, a "reforma" vai
sendo realizada, na prática, de forma
um tanto selvagem, com a criação de
fatos consumados antes que um debate público tenha sido travado e que
projetos tenham sido apreciados.
Além dos casos de sonegação de direitos, preocupa a desproteção previdenciária que costuma acompanhar
o trabalhador informal. Um exército
de dezenas de milhões vive de atividades variadas sem contribuir para a
Previdência -uma conta que o futuro certamente irá cobrar.
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