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NA MIRA DO TERROR
A maioria dos analistas concorda
que o ataque terrorista ocorrido no
fim de semana em Riad, na Arábia
Saudita, tem forte componente "doméstico". Diferentemente de outras
ações da Al Qaeda, que visaram principalmente a alvos norte-americanos, israelenses e ocidentais, as vítimas, desta vez, são majoritariamente
árabes. Muitos vêem no atentado um
episódio de uma campanha para a
desestabilização da casa real saudita.
Com efeito, Osama bin Laden e
seus seguidores vêm já há tempos
pressionando os governantes do
país. No início, o motivo alegado era
o fato de Riad ter acolhido forças
norte-americanas no reino. As tropas estrangeiras já saíram, mas os
conflitos prosseguem.
A situação dos príncipes sauditas é,
na realidade, difícil. Eles estão aprisionados entre posições antagônicas
das quais dificilmente podem abrir
mão. De um lado, é-lhes praticamente impossível abandonar o wahabismo, a interpretação rígida do
islamismo sunita que é indissociável
da própria identidade nacional saudita. E o wahabismo, é bom frisar,
guarda muitas semelhanças com as
idéias de Bin Laden e do Taleban a
respeito de como deve ser um Estado
islâmico. Foi a recusa dos príncipes
sauditas em afastar-se do wahabismo -que inclui, entre outras coisas,
o financiamento às escolas extremistas onde se formam os membros da
Al Qaeda- que afastou Riad de
Washington após o 11 de Setembro.
No outro pólo, o governo saudita
não quis ou não pôde desfazer sua
aliança com os EUA, o que lhe valeu a
"declaração de guerra" por parte de
Bin Laden. Não será surpresa se outros atentados se seguirem. Uma futura queda da casa real não é uma hipótese descartável. É certo, porém,
que os EUA não assistiriam passivamente à ascensão de um poder fundamentalista apoiado pela Al Qaeda
no país com as maiores reservas de
petróleo do globo. A evolução do
quadro na Arábia Saudita, dado o seu
caráter estratégico deve, portanto,
ser acompanhada com preocupação.
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