|
Próximo Texto | Índice
LULA NOS EUA
O objetivo emergencial da visita de Luiz Inácio Lula da Silva
aos Estados Unidos ficou claro: trata-se de tentar, pela via política, convencer alguns agentes-chave do sistema financeiro norte-americano a
restabelecer linhas de crédito a empresas brasileiras. É essa carência de
divisas financeiras que, em última
análise, está na origem da maioria
dos problemas que agora se abatem
sobre a economia brasileira -a
moeda americana, ontem, voltou a
fechar no patamar dos R$ 3,80.
Não é um disparate cogitar que
Washington tenha interesse numa
ajuda desse nível ao Brasil. Vale lembrar que, em 1999, uma viagem aos
EUA do então recém-empossado
presidente do Banco Central, Armínio Fraga, foi importante para que o
crédito externo retornasse mais rapidamente ao Brasil, cujo câmbio, em
janeiro daquele ano, passara para o
regime flutuante.
Como Armínio, à época, o núcleo
político de Lula foi aos EUA referendado por uma recente vitória eleitoral. Mas, à diferença do presidente
do BC, ninguém na equipe de Lula
possui trânsito fácil nos meios financeiros globais. Por outro lado, a recente modificação na equipe econômica americana tirou de cena o representante de uma ala radical dos
republicanos que repudiava ações
que tivessem o objetivo de auxiliar financeiramente países em crise.
No final das contas, a disposição
do governo Bush de respaldar financeiramente o Brasil -seja através de
sua influência no FMI, seja através do
convencimento dos agentes financeiros privados- vai depender do
grau de propagação e de frustração
de interesses americanos atribuído
por Washington a uma crise na
maior economia sul-americana e,
também, do que o governo Lula estará disposto a ceder em troca.
Nesse segundo aspecto residem os
maiores riscos para o Brasil. Eles vão
desde a adoção de mais arrocho fiscal até a aceitação de uma Alca que
dificulte a promoção pelo governo de
uma política desenvolvimentista.
Próximo Texto: Editoriais: CONFUSÃO NO MAE Índice
|