São Paulo, quarta-feira, 11 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PAINEL DO LEITOR

Reforma agrária
"As declarações dos líderes do MST na reunião com a cúpula do PT demonstram a total impossibilidade de qualquer negociação sobre a reforma agrária entre o governo e esse movimento. O uso da palavra "canetaço" pelo sr. Gilmar Mauro, ao referir-se de forma pejorativa à mesa de negociações, é a maior prova disso. Não poderá ser feita uma reforma agrária séria e produtiva tendo como interlocutor o MST. Se o PT quiser ter sucesso no trato desse importantíssimo item da pauta social do país, é fundamental que comece a procurar novos interlocutores -que usem menos retórica e tenham mais conhecimento das condições do campo e do agribusiness brasileiro. Afinal, é necessário mais do que um boné vermelho para se tornar um especialista em reforma agrária." Luigi Petti (São Paulo, SP)

Ibirapuera
"Em relação à carta "Mais verde" ("Painel do Leitor", 8/12), informamos que a construção do auditório do Ibirapuera faz parte de amplo projeto de recuperação do parque, projeto esse que promoverá até mesmo a desimpermeabilização de áreas significativas, ajardinando e recuperando espaços verdes que foram transformados em estacionamento e em vias asfaltadas ao longo dos anos. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente atualizou o Plano Diretor do Ibirapuera, que devolve ao parque parte de seu desenho paisagístico original, trazendo ainda mais verde e lazer. Em todos os projetos de revitalização de parques municipais, pretendemos reduzir gradualmente as áreas pavimentadas e de estacionamento. Além disso, as queixas mais frequentes dos usuários dizem respeito ao assédio de "guardadores de carros", apesar dos esforços da administração para coibir essa prática. Já temos várias outras ações para melhorar o Ibirapuera, como a devolução da área (10.000 m2) do canteiro de obras do Cebolinha, em frente ao Obelisco, que ocupou por anos aquele espaço do parque. Com a construção do auditório do Ibirapuera, os shows deixarão a praça da Paz definitivamente, sanando o problema do ruído ocasionado pelas apresentações ao mesmo tempo em que toda aquela área permanecerá livre. As mudanças previstas pelo Plano Diretor permitirão conservar e interferir positivamente na paisagem do Ibirapuera, beneficiando a todos os seus usuários." Stela Goldenstein, secretária municipal do Meio Ambiente de São Paulo (São Paulo, SP)

Sem reciclagem
"A partir do momento em que eu tiver de pagar a taxa do lixo, deixarei de levar o lixo reciclável aos postos de coleta, porque não vou gastar tempo e gasolina para executar um serviço pelo qual já estarei pagando à prefeitura." Cesare Porro (São Paulo, SP)

The book is on the table
"Li o artigo de ontem de Clóvis Rossi ("O problema", Opinião, pág. A2) e, além de considerá-lo fantástico, tomo a liberdade de comentar uma parte de seu conteúdo, utilizando também a reportagem de Eliane Cantanhêde na página A11 de 9/12 ("Lula não tem "idéia do problema", diz FHC'), na qual ela revela que, durante a viagem do presidente FHC com alguns deputados, um deles teria comentado que "(...) Antonio Palocci não saber falar inglês (...)" e que tal comentário teria sido motivo de gozação. Enganam-se os que pensam que dominar o idioma inglês seja a principal necessidade de um representante de um país. O que um país precisa é de gente que o defenda -a ele e ao povo que nele vive- dos outros países, principalmente dos que pregam o livre mercado enquanto sobretaxam nossos produtos competitivos. Falar inglês ajuda muito, mas, sem o indispensável compromisso com a nação, de nada vale. Muita gente fala com mais fluência do que o clássico "the book is on the table", mas o resultado para nós, que vivemos no Brasil, tem sido péssimo -ou não estaríamos sendo brindados com frases do tipo "Lula não tem idéia do tamanho do problema", como disse FHC." Eduardo de Camargo Passos (São Paulo, SP)
 

"Antes de mais nada, gostaria de frisar que Clóvis Rossi é um dos jornalistas cujas opiniões mais admiro e cuja capacidade profissional encontra pouquíssimos pares no jornalismo brasileiro de hoje. Mas isso não me obriga a concordar com as afirmações dele contidas no artigo "O problema" -de que o tamanho e a profundidade do problema deixado para a administração Lula têm nome, que seria o do presidente Fernando Henrique Cardoso. Um cidadão comum dizer isso é aceitável, pois o povo costuma reagir de acordo com o momento, mas um jornalista do gabarito de Rossi não tem esse direito, pois tem a obrigação de fazer suas análises à luz não apenas do momento mas da história do país. E a história do Brasil mostra que nossos problemas vêm de séculos. Concordaria com ele se dissesse (como, aliás, já disse) que o modelo econômico hegemônico atualmente não foi capaz de resolver esses problemas. Mas, do jeito que essas coisas foram ditas, fica a impressão de que Fernando Henrique não resolveu os problemas por alguma espécie de voluntarismo ou de incapacidade, o que não é verdade." Kleber Santos Patricio (Indaiatuba, SP)

Guilhotina
"Acho que a mídia de uma forma geral está dando pouca importância para essa tentativa golpista que é a "Lei da Mordaça". Se os congressistas e os juízes aprovarem tal lei, então que tenham coragem e instaurem a monarquia despótica no Brasil, acabem com as eleições, reinem absolutamente e, quem sabe, um dia venham a ter as suas cabeças cortadas nas nossas guilhotinas. Então a justiça poderá ser feita e poderemos construir uma democracia com pessoas que respeitem a população e o seu dinheiro." José Libardi (Piracicaba, SP)

Fora do tom
"A ONU premiar FHC pela pífia alteração no Índice de Desenvolvimento Humano nos oito anos de seu governo seria risível se o "tamanho do problema" que Lula herdará não fosse tão grande, o que contradiz o motivo principal desse prêmio. Os brasileiros/as não viram ações do governo FHC se traduzirem em maior distribuição de renda e em melhoria da qualidade dos serviços públicos. A população votou em Lula e clama por mudanças significativas na economia justamente para atender a essas demandas. Por isso o prêmio da ONU para FHC fica fora de tom." João Carmo Vendramim (Campinas, SP)

Direitos trabalhistas
"O TST acaba de reconhecer direitos trabalhistas para um apontador do jogo do bicho, atividade que é uma contravenção penal. Muitos trabalhadores, rurais ou de regiões paupérrimas, morrem à mingua sem conseguir nenhum benefício ou reconhecimento. E não são contraventores, são "apenas" escravos. Não sei se é esse magistrado, se sou eu ou se é tudo, mas alguma coisa está de cabeça para baixo." Luiz Antonio Fracarolli (Lençóis Paulista, SP)

Salários na Assembléia
"Gostaria de dizer aos senhores deputados que milhões de brasileiros também acham que precisam de aumento nos seus salários para poder morar, comer, estudar etc. E, acreditem, precisam mesmo. Mas a resposta dos patrões há de ser: "Desculpem, em meio a esta crise, não temos condições". Da mesma maneira, digo aos caros deputados que nós, seus patrões, estamos dizendo: "Não dá para aumentar os seus vencimentos. Portanto não os aumentem". É uma ordem." Marcelo Terra Saula (São Paulo, SP)

Texto Anterior: Frei Betto: Fome Zero

Próximo Texto: Erramos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.