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FOME DE IMPOSTO
Constitui mais um problema
para o contribuinte a decisão
do governo de modificar o cronograma de restituição do Imposto de
Renda da Pessoa Física, submetendo
o último lote às disponibilidades de
caixa do Tesouro. Chegou-se a anunciar o parcelamento de 1,2 milhão de
restituições em lotes extras, alguns
deles a serem adiados para 2004.
Anunciou-se posteriormente que
parte da dívida será paga com atraso,
mas estará quitada até o final do ano.
Note-se que o mecanismo da restituição é questionável, independentemente do cumprimento ou não dos
cronogramas que o próprio governo
estabelece. Afinal, o que o atual sistema sanciona é um empréstimo compulsório de recursos dos assalariados para o Estado. O Imposto de
Renda é descontado do salário e retido na fonte. Fica o contribuinte, com
isso, obrigado a fazer cálculos e declarações para ter de volta a parcela
que lhe pertence -da qual o poder
público se apoderou a priori, arrogando-se o direito, ainda mais, de
devolvê-la segundo suas conveniências.
Tamanha desenvoltura não pode
ser minimizada por discursos, tão ao
gosto das autoridades econômicas,
sobre a necessidade de austeridade e
consecução de superávits primários
nas contas públicas. O governo que
corte suas despesas, que elimine gastos inúteis, que faça uma reforma tributária decente, que promova o crescimento econômico.
Não é aceitável, como se tornou rotina nos últimos anos, que os problemas do endividamento e da ineficiência sejam transferidos mais e
mais para o bolso do contribuinte.
O PT chegou ao poder prometendo
mudanças. Até aqui o que se viu foi a
reincidência -menos organizada,
registre-se- nas linhas mestras da
administração anterior. Na área econômica a ortodoxia e a lógica fiscalista imperam, subordinando todos
os demais interesses.
Alguém já chamou a Secretaria do
Tesouro de "secretaria da tesoura".
O que não se imaginava é que o ataque ao contribuinte fosse chegar ao
ponto de retardar a restituição do Imposto de Renda.
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