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São Paulo, quinta-feira, 11 de dezembro de 2003

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MENOS RENDA, MAIS JUROS

A participação relativa da renda dos trabalhadores assalariados no total do PIB brasileiro caiu de 45,4% em 1990 para 36,1% em 2002, de acordo com dados do IBGE. A renda dos trabalhadores autônomos também encolheu, passando de 6,9% para 4,6%, no mesmo período. Por sua vez, a remuneração do capital -lucros e juros- saltou de 32,6% para 42% do PIB, e a arrecadação líquida de impostos sobre a produção e produtos importados passou de 15,2% para 17,4%.
Esses dados evidenciam que nos últimos 13 anos houve um empobrecimento relativo dos trabalhadores, com transferência de renda para o Estado e as aplicações financeiras.
Durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), a taxa de crescimento anual média da economia foi de 2,3% -enquanto a elevação da renda per capita foi de apenas 0,95%. O investimento, componente mais dinâmico do gasto empresarial, cresceu apenas 1,3% em média. O fraco desempenho decorreu sobretudo da desaceleração da atividade na construção civil.
Os novos números do IBGE trouxeram, no entanto, uma boa notícia para a indústria nacional de máquinas e equipamentos. A participação dos produtos brasileiros nos investimentos cresceu em relação aos importados. Em 2001, as máquinas nacionais somaram 68,3% do total, contra 31,7% das importadas. No ano passado a produção nacional contribuiu com 72,7%, o que sugere um incipiente processo de substituição de importações.
É importante observar que a política monetária contracionista e a elevada instabilidade cambial foram determinantes para a persistente queda na renda dos trabalhadores e o fraco desempenho dos investimentos no período pesquisado.
São tendências que permanecem, ao que tudo indica, em cena. A retomada do emprego e a recuperação da renda, assim como a elevação dos investimentos, são alguns dos grandes desafios que o país tem pela frente, caso não queira repetir a trajetória medíocre do PIB dos últimos anos.


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