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MENOS RENDA, MAIS JUROS
A participação relativa da
renda dos trabalhadores assalariados no total do PIB brasileiro
caiu de 45,4% em 1990 para 36,1%
em 2002, de acordo com dados do
IBGE. A renda dos trabalhadores autônomos também encolheu, passando de 6,9% para 4,6%, no mesmo período. Por sua vez, a remuneração do
capital -lucros e juros- saltou de
32,6% para 42% do PIB, e a arrecadação líquida de impostos sobre a produção e produtos importados passou de 15,2% para 17,4%.
Esses dados evidenciam que nos
últimos 13 anos houve um empobrecimento relativo dos trabalhadores,
com transferência de renda para o
Estado e as aplicações financeiras.
Durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), a taxa de
crescimento anual média da economia foi de 2,3% -enquanto a elevação da renda per capita foi de apenas
0,95%. O investimento, componente
mais dinâmico do gasto empresarial, cresceu apenas 1,3% em média.
O fraco desempenho decorreu sobretudo da desaceleração da atividade na construção civil.
Os novos números do IBGE trouxeram, no entanto, uma boa notícia
para a indústria nacional de máquinas e equipamentos. A participação
dos produtos brasileiros nos investimentos cresceu em relação aos importados. Em 2001, as máquinas nacionais somaram 68,3% do total,
contra 31,7% das importadas. No
ano passado a produção nacional
contribuiu com 72,7%, o que sugere
um incipiente processo de substituição de importações.
É importante observar que a política monetária contracionista e a elevada instabilidade cambial foram determinantes para a persistente queda
na renda dos trabalhadores e o fraco
desempenho dos investimentos no
período pesquisado.
São tendências que permanecem,
ao que tudo indica, em cena. A retomada do emprego e a recuperação da
renda, assim como a elevação dos investimentos, são alguns dos grandes
desafios que o país tem pela frente,
caso não queira repetir a trajetória
medíocre do PIB dos últimos anos.
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