São Paulo, terça-feira, 12 de fevereiro de 2002

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CLÓVIS ROSSI

O lance dos "caipiras"

SÃO PAULO - No discurso em que fez o balanço de sete anos de governo, o presidente Fernando Henrique Cardoso falou do saldo comercial, mencionou as disputas em que o país está envolvido, no âmbito da OMC (Organização Mundial do Comércio), e cobrou: "(o Brasil) precisa de gente com capacidade para brigar, bons negociadores".
Bons negociadores oficiais o país sempre teve: o Itamaraty é uma das raras instituições do Estado que funciona direitinho.
Agora o Brasil vai ter também bons especialistas do setor privado. Por iniciativa de Luiz Fernando Furlan (presidente do Grupo Sadia), estão sendo contratados três profissionais, todos com pós-graduação, para trabalhar em Genebra, Bruxelas e Washington.
Missão: estudar a fundo as questões comerciais envolvidas nas três negociações fundamentais em que o país está envolvido. Por isso, os contratados atuarão em Genebra (cidade-sede da OMC), Bruxelas (capital da União Européia, com a qual o Mercosul negocia uma área de livre comércio) e Washington (para as negociações da Alca -Área de Livre Comércio das Américas).
Estão envolvidas no projeto várias associações do agronegócio, da laranja ao boi, o que faz pressupor que os estudos e subsídios que os especialistas prepararão estarão mais voltados para esse setor. O que não deixa de ser uma lição para os que torcem o nariz para o agronegócio, supondo que se trata de um setor atrasado, "caipira".
Ao contrário, a iniciativa de Furlan e seus companheiros do agronegócio demonstra que o Brasil começa a superar a sua "caipirice" e a pensar grande. Ainda é pouco, claro. Os Estados Unidos e mesmo o México contam com centenas de profissionais assessorando seus negociadores.
Mas é razoável imaginar que outros setores logo acompanharão o agronegócio e o país saberá melhor o custo/benefício de cada jogada comercial que vier a fazer.


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