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CLÓVIS ROSSI
O lance dos "caipiras"
SÃO PAULO - No discurso em que fez o balanço de sete anos de governo, o
presidente Fernando Henrique Cardoso falou do saldo comercial, mencionou as disputas em que o país está
envolvido, no âmbito da OMC (Organização Mundial do Comércio), e
cobrou: "(o Brasil) precisa de gente
com capacidade para brigar, bons
negociadores".
Bons negociadores oficiais o país
sempre teve: o Itamaraty é uma das
raras instituições do Estado que funciona direitinho.
Agora o Brasil vai ter também bons
especialistas do setor privado. Por
iniciativa de Luiz Fernando Furlan
(presidente do Grupo Sadia), estão
sendo contratados três profissionais,
todos com pós-graduação, para trabalhar em Genebra, Bruxelas e Washington.
Missão: estudar a fundo as questões
comerciais envolvidas nas três negociações fundamentais em que o país
está envolvido. Por isso, os contratados atuarão em Genebra (cidade-sede da OMC), Bruxelas (capital da
União Européia, com a qual o Mercosul negocia uma área de livre comércio) e Washington (para as negociações da Alca -Área de Livre Comércio das Américas).
Estão envolvidas no projeto várias
associações do agronegócio, da laranja ao boi, o que faz pressupor que
os estudos e subsídios que os especialistas prepararão estarão mais voltados para esse setor. O que não deixa
de ser uma lição para os que torcem o
nariz para o agronegócio, supondo
que se trata de um setor atrasado,
"caipira".
Ao contrário, a iniciativa de Furlan
e seus companheiros do agronegócio
demonstra que o Brasil começa a superar a sua "caipirice" e a pensar
grande. Ainda é pouco, claro. Os Estados Unidos e mesmo o México contam com centenas de profissionais
assessorando seus negociadores.
Mas é razoável imaginar que outros setores logo acompanharão o
agronegócio e o país saberá melhor o
custo/benefício de cada jogada comercial que vier a fazer.
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