São Paulo, terça-feira, 12 de fevereiro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELIANE CANTANHÊDE

Fim de festa

BRASÍLIA - Ano de Copa do Mundo já é atípico. Ano de eleição presidencial também. O que se dirá de 2002, ano de Copa do Mundo, de eleição presidencial e também de sequestros, assassinatos, recessão?
Se o tempo já voa normalmente, agora vai a jato. O cronograma começou com o Carnaval, vai esticar pela Semana Santa, depois virão as convenções para a escolha dos candidatos a presidente, a Copa em junho e as eleições em outubro (sem falar no segundo turno). Fora isso, nada.
O Congresso? Que Congresso? As três grandes discussões impostas pela sociedade (ou pelos fatos) são a segurança pública, os efeitos econômicos e comerciais do banho-maria dos EUA e da crise argentina e a tão sonhada, e nunca acordada, retomada do desenvolvimento. Não espere muito em nenhuma dessas áreas.
Depois da piada do celular pré-pago e do ridículo de três planos de segurança que viraram manchetes num dia e foram para o lixo com os jornais no dia seguinte, agora só vendo para crer. Tanto que ninguém consegue mais se comprometer com mudanças legais a sério.
Quanto à prática: a polícia de São Paulo cobriu-se de brios (brios feridos), os crimes estão sendo desvendados e os bandidos, fisgados e trancafiados. Mas não há como iniciar agora processos de reorganização da segurança pública e da estrutura policial. São processos típicos de início, não de fim, de governos. Daqui a dezembro, só dá para tocar o barco.
Na economia, a crise da Argentina está longe de chegar ao fim, com o presidente Eduardo Duhalde anunciando medidas que nem saciam a ira da população nem emocionam a comunidade internacional. E, claro, não há perspectiva de reaquecimento da economia brasileira. Nem de queda de juros, por exemplo.
Sendo assim, não é apenas o Carnaval que está terminando hoje (na verdade, amanhã). Não fosse pelas eleições, o ano que apenas começou também estaria acabando hoje e amanhã. Ou alguém ainda tem esperança na seleção?


Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: O lance dos "caipiras"
Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: O carnaval e o tempo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.