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ELIANE CANTANHÊDE
Fim de festa
BRASÍLIA - Ano de Copa do Mundo já é atípico. Ano de eleição presidencial também. O que se dirá de 2002,
ano de Copa do Mundo, de eleição
presidencial e também de sequestros,
assassinatos, recessão?
Se o tempo já voa normalmente,
agora vai a jato. O cronograma começou com o Carnaval, vai esticar
pela Semana Santa, depois virão as
convenções para a escolha dos candidatos a presidente, a Copa em junho
e as eleições em outubro (sem falar
no segundo turno). Fora isso, nada.
O Congresso? Que Congresso? As
três grandes discussões impostas pela
sociedade (ou pelos fatos) são a segurança pública, os efeitos econômicos e
comerciais do banho-maria dos EUA
e da crise argentina e a tão sonhada,
e nunca acordada, retomada do desenvolvimento. Não espere muito em
nenhuma dessas áreas.
Depois da piada do celular pré-pago e do ridículo de três planos de segurança que viraram manchetes
num dia e foram para o lixo com os
jornais no dia seguinte, agora só vendo para crer. Tanto que ninguém
consegue mais se comprometer com
mudanças legais a sério.
Quanto à prática: a polícia de São
Paulo cobriu-se de brios (brios feridos), os crimes estão sendo desvendados e os bandidos, fisgados e trancafiados. Mas não há como iniciar agora processos de reorganização da segurança pública e da estrutura policial. São processos típicos de início,
não de fim, de governos. Daqui a dezembro, só dá para tocar o barco.
Na economia, a crise da Argentina
está longe de chegar ao fim, com o
presidente Eduardo Duhalde anunciando medidas que nem saciam a
ira da população nem emocionam a
comunidade internacional. E, claro,
não há perspectiva de reaquecimento
da economia brasileira. Nem de queda de juros, por exemplo.
Sendo assim, não é apenas o Carnaval que está terminando hoje (na
verdade, amanhã). Não fosse pelas
eleições, o ano que apenas começou
também estaria acabando hoje e
amanhã. Ou alguém ainda tem esperança na seleção?
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