São Paulo, terça-feira, 12 de abril de 2005

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PAINEL DO LEITOR @ - leitor@uol.com.br


UTI
"Estou perplexo com a manchete de ontem da Folha ("Governo quer decidir quem vai a UTI'). Quer dizer que os leitos da UTI serão restritos apenas aos pacientes graves com chances reais de recuperação? E "serão estabelecidos indicadores de prognóstico, baseados em evidências científicas" porque não temos leitos de UTI suficientes. Por outro lado, temos um dos mais modernos aviões presidenciais, verbas "astronômicas" nos gabinetes, um projeto social chamado Fome Zero -que pouco fez, mas muito gastou- e questionáveis níveis de preparo intelectual, social e humano nas pessoas de decisão do governo. Parece que o mesmo vírus que infectou as pessoas que deixaram Terri Schiavo morrer nos EUA está baixando em águas tupiniquins. E olha que os recursos médicos nos dois países são bem diferentes."
Dilmar Liess Casella (São Paulo, SP)

 

"A Folha deu ontem adequada cobertura à pretensão da criação de normas para a internação de pacientes em UTIs. Embora eu concorde com os médicos entrevistados que o uso de protocolos, em linhas gerais, é mais benéfico para o exercício profissional e, evidentemente, para o paciente e que se deve discutir mais profundamente com a sociedade a questão bioética da "boa morte", a própria experiência na Europa mostra que lá tudo isso só existe no papel. Certamente razões comerciais acabam se interpondo e regras gerais jamais podem ser aplicadas de modo ético aos casos individuais. No Brasil, então, as coisas começam pelo contrário, como se aqui fosse a "Dinamarca do Sul': antes de pensar em tais medidas, urge aumentar o número de leitos e capacitar mais os profissionais "intensivistas" em todo o Brasil. Qualquer coisa feita antes disso fere os mais elementares princípios dos direitos individuais e humanos."
Celio Levyman, médico, ex-conselheiro do CRM de São Paulo (São Paulo, SP)

 

"O PT, a cada dia, prova que o seu negocio é fazer barulho -seja na oposição, seja fomentando passeatas e invasões-, pois governar, que é bom, não é da natureza desse partido. A proposta de restringir a UTI é a cereja que faltava nesse bolo indigesto que é a administração petista."
Waldomiro Losovoi (São Paulo, SP)

Cultura
"A intempestiva saída do artista Emanoel Araújo da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo revela a fragilidade do governo Serra também no setor cultural. Por ocasião da sua nomeação, criou-se uma expectativa positiva de aprofundamento e ampliação da política cultural do município. A reversão relâmpago dessa expectativa se dá por uma posição geral do atual governo que visa desconstruir a gestão Marta Suplicy. Tentou-se, por meio de ações equivocadas e da manipulação de dados, destruir o que vinha sendo construído. A demissão sumária de funcionários técnicos -alguns com 30 anos de serviços prestados à cidade, em particular os responsáveis pelo funcionamento dos teatros distritais-, a suspensão das atividades culturais em todos os níveis e particularmente nos CEUs, com a descaracterização das escolas municipais de iniciação artística, o rompimento do trabalho conjunto com a Secretaria de Educação, a desativação do projeto das orquestras dos CEUs, das big bandas, do circuito cultural nos bairros, das casas de cultura e de seus ateliês, o abandono dos 400 grupos de teatro vocacional, a negação da continuidade de projetos com recursos extra-orçamentários já garantidos -como o Museu da Cidade e a reforma da biblioteca Mário de Andrade-, o desmanche do Teatro Municipal, a suspensão da Lei de Fomento do Teatro e do projeto de formação de público, a suspensão da Lei do VAI e do Programa de Dança e a não-convocação do Conselho Municipal de Cultura são ações que, por seu caráter destrutivo, não combinam com a atitude criativa de um artista."
Celso Frateschi, ex-secretário municipal de Cultura (São Paulo, SP)

Opportunity
"Numa tranqüila tarde de quinta-feira, estava eu no meu trabalho quando li na imprensa, inclusive na Folha, a possível prisão de Daniel Dantas, meu tio. Minha angústia só durou o tempo de uma ligação em busca da verdade. Há jornalistas que adoram "denunciar" cada passo de Daniel, que virou um mito, sem o menor critério na apuração dos fatos. Alguns jornalistas não têm o menor comprometimento com a própria profissão. Será que vale a pena ir contra todas as boas regras de conduta e até mesmo contra a lei? Esses jornalistas, tecendo e formando opiniões, não deveriam usurpar à Justiça o julgamento dos fatos. Não poderiam prejulgar nem servir do meio para prejudicar. Sou jovem o suficiente para achar que a verdade ainda pode valer alguma coisa. Mas, como afirmava Walter Lippman, um dos maiores jornalistas de todos os tempos, "quem acredita que notícia e verdade são duas palavras que designam a mesma coisa não vai a lugar nenhum. A função da notícia é sinalizar um acontecimento. A função da verdade é trazer à luz fatos ocultos"."
Rafaela Dantas Rodenburg (São Paulo, SP)

Cesp
"É lamentável que a Folha tenha cometido uma série de equívocos e erros na reportagem "Alckmin quer injetar R$ 400 mi na Cesp" (Dinheiro, 7/4). É, ao mesmo tempo, inaceitável que o jornal tenha colocado entre aspas palavras que eu não disse textualmente. Por se tratar de companhia aberta, com ampla base de acionistas minoritários, quaisquer informações divulgadas sobre a Cesp devem atender à regulamentação da CVM. Por isso é importante a cautela do jornalista, uma vez que a divulgação de informações distorcidas pode trazer instabilidade aos mercados de valores. A substituição dos termos "ações ordinárias e preferenciais", por mim utilizados na entrevista, por "ações majoritárias e minoritárias", como mostra a reportagem, altera completamente o sentido da declaração. Não há a possibilidade de usar os termos como sinônimos, e essa confusão reflete desconhecimento sobre assuntos societários e de mercado acionário. Em relação aos demais equívocos contidos na reportagem, é imprescindível a divulgação dos esclarecimentos seguintes: A assembléia geral deverá avaliar uma proposta de aumentar o capital autorizado da Cesp e delegar ao conselho de administração as demais definições sobre o tamanho e o formato desse aumento de capital -para o qual não há ainda definição sobre o valor máximo- bem como eventual alteração na proporção de ações ordinárias e preferenciais. O governo de São Paulo e o BNDES vêm mantendo negociações sobre a Cesp, e o banco tem-se mostrado disposto a discutir as melhores alternativas para a empresa, para o próprio banco e para o Tesouro nacional. A afirmação de que o Estado poderia usar recursos aportados na Cesp e no Metrô para realizar despesas fiscais não-autorizadas pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) não tem nenhum fundamento. Ambas as empresas não são dependentes do Tesouro, não estando, portanto, submetidas aos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). No caso da Cesp, aportes de capital serão integralmente utilizados para honrar suas obrigações financeiras."
Eduardo Guardia, secretário da Fazenda do Estado de São Paulo (São paulo, SP)

Resposta dos repórteres Iuri Dantas e Janaína Leite - A informação de que investimentos no Metrô e na Cesp entram na Lei de Responsabilidade Fiscal é do BNDES. A reportagem não usou os termos "ações majoritárias e minoritárias".


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