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São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 2003

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FERNANDO RODRIGUES

De novo, sem reforma política

BRASÍLIA - É fascinante como a história se repete na política brasileira. Ontem, Eliane Cantanhêde listou as coincidências entre as personagens centrais dos governos FHC e Lula: Palocci/Malan, Mercadante/Serra e José Dirceu/Sérgio Motta.
Na política econômica, os caminhos trilhados são idênticos.
No Congresso, a similitude é quase total. No período FHC, o primeiro ano de mandato, 1995, foi o mais eficaz para a aprovação de reformas constitucionais.
Pode parecer algo do século passado -e é-, mas foi um espanto quando deputados e senadores quebraram o monopólio estatal do petróleo e das telecomunicações.
Agora, tudo de novo. Está evidente que a grande reforma de Lula será a da Previdência neste primeiro ano de governo petista. Daqui a cinco ou dez anos vão olhar essa mudança como algo tão óbvio que parecerá um absurdo imaginar que existiram as resistências atuais.
Depois da Previdência, o governo entrará em ritmo de cágado, como ocorreu com FHC. Essa é a expectativa geral no Congresso.
A mãe de todas as reformas, a política, de novo vai ficar esquecida. Indecências como as 69 trocas de partido em apenas três meses no Congresso continuarão a ser a praxe.
No ano que vem, os jornais estarão cheios de análises sobre como Lula e o PT perderam a oportunidade de reformar o sistema político partidário no primeiro ano de mandato. Sim, porque está para nascer o político que fará grandes alterações em ano de eleição (no caso, os pleitos municipais de 2004).
É uma pena que o ciclo político seja assim tão perverso no Brasil. Tudo que é relevante precisa ser votado no primeiro ano, apesar de o presidente da República e os deputados serem eleitos para mandatos de quatro anos. Ainda não apareceu um grupo político com força suficiente para quebrar essa escrita. Nem o PSDB de FHC, nem o PT de Lula.


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