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FERNANDO RODRIGUES
De novo, sem reforma política
BRASÍLIA - É fascinante como a história se repete na política brasileira.
Ontem, Eliane Cantanhêde listou as
coincidências entre as personagens
centrais dos governos FHC e Lula:
Palocci/Malan, Mercadante/Serra e
José Dirceu/Sérgio Motta.
Na política econômica, os caminhos trilhados são idênticos.
No Congresso, a similitude é quase
total. No período FHC, o primeiro
ano de mandato, 1995, foi o mais eficaz para a aprovação de reformas
constitucionais.
Pode parecer algo do século passado -e é-, mas foi um espanto
quando deputados e senadores quebraram o monopólio estatal do petróleo e das telecomunicações.
Agora, tudo de novo. Está evidente
que a grande reforma de Lula será a
da Previdência neste primeiro ano de
governo petista. Daqui a cinco ou dez
anos vão olhar essa mudança como
algo tão óbvio que parecerá um absurdo imaginar que existiram as resistências atuais.
Depois da Previdência, o governo
entrará em ritmo de cágado, como
ocorreu com FHC. Essa é a expectativa geral no Congresso.
A mãe de todas as reformas, a política, de novo vai ficar esquecida. Indecências como as 69 trocas de partido em apenas três meses no Congresso continuarão a ser a praxe.
No ano que vem, os jornais estarão
cheios de análises sobre como Lula e
o PT perderam a oportunidade de reformar o sistema político partidário
no primeiro ano de mandato. Sim,
porque está para nascer o político
que fará grandes alterações em ano
de eleição (no caso, os pleitos municipais de 2004).
É uma pena que o ciclo político seja
assim tão perverso no Brasil. Tudo
que é relevante precisa ser votado no
primeiro ano, apesar de o presidente
da República e os deputados serem
eleitos para mandatos de quatro
anos. Ainda não apareceu um grupo
político com força suficiente para
quebrar essa escrita. Nem o PSDB de
FHC, nem o PT de Lula.
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