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FERNANDO RODRIGUES
Uma oposição patética
BRASÍLIA - Quatro deputados federais tucanos paulistas escreveram um curioso artigo na Folha
nesta semana. Arnaldo Madeira,
Edson Aparecido, Emanuel Fernandes e José Aníbal gastaram 736
palavras na quinta-feira para reclamar de duas coisas:
1) a política de cooptação fisiológica que o Planalto emprega na
montagem da aliança lulista e 2) o
número de MPs editadas pelo presidente da República.
Segundo cálculos do PSDB, FHC
editou 3,8 medidas provisórias por
mês. Lula teve uma média de cinco
MPs mensais em seu primeiro
mandato. Qual a diferença real
-não aritmética- entre uma média de 3,8 e de 5 MPs por mês? Zero
ou quase zero. O Congresso fica
com sua pauta trancada da mesma
forma.
O ponto é outro. Durante o governo FHC, nada de prático foi
pensado para possibilitar a eliminação completa desse asqueroso
instrumento chamado MP. Em
suas lamúrias, os tucanos também
não oferecem solução. Parecem
cumprir tabela. Fazem as reclamações de praxe até conseguirem voltar ao poder. Depois, tudo volta ao
normal. MPs serão necessárias para "garantir a governabilidade"
(sic).
Numa espécie de ato falho freudiano, os tucanos reservaram uma
quase confissão para o final. Ao
concluírem o raciocínio, falam sobre a perda de deputados para os
partidos aliados ao Planalto:
"A cooptação -explícita e amoral
do Executivo- só funciona porque
uma parcela expressiva de parlamentares é com ela conivente -ou
porque não tem noção do papel institucional que lhe cabe, ou porque
se sente devidamente gratificada
pela paga recebida em troca de
apoio incondicional ao governo".
É verdade. Irretocável esse trecho. PSDB e Democratas (ex-PFL)
nada fizeram para impedir em seu
meio a existência de políticos invertebrados e passíveis de cooptação fisiológica. Agora, choram.
frodriguesbsb@uol.com.br
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