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FERNANDO GABEIRA
Esse Congresso
FOI UMA DAS piores semanas
da Câmara. Infelizmente, estive dentro de um dos episódios, por assim dizer, desagradáveis. Aconteceu quando eu criticava a forma como os deputados se
deram o aumento. Afirmava que isso só seria possível em um contexto de corte de gastos. Havia estudos
sérios e possibilidades para economizar.
Em seguida, afirmei que não devolveria o dinheiro do aumento,
como fiz com o concedido no período Severino. Isso porque não estava convencido de que a Câmara
gastava bem. E terminei dizendo
que tinha dúvidas quanto ao investimento que levou um avião cheio
de deputados ao Uruguai.
Não sabia exatamente o número.
Ao expressar esta dúvida e outras
num ponto do plenário, o fiz a um
deputado. Ele foi ao microfone e
apresentou minhas dúvidas como
se as tivesse formulado como verdades definitivas.
Foi o suficiente para que o presidente me classificasse de desonesto intelectualmente, algo que é
muito comum quando os petistas
falam de mim. A maioria do plenário se irritou ostensivamente.
Um macaco velho sabe que,
quando questiona uma viagem,
apenas os que a fizeram protestam.
Os restantes, ou por ignorarem os
critérios de escolha, ou por duvidarem dele, ficam tranqüilos. O problema era o aumento de salário.
Mas a viagem dos deputados ao
Uruguai pode ser questionada, sem
necessariamente nos destruirmos.
Não posso imaginar a França mandando um avião de deputados para
Bruxelas.
Considerado o número, em torno de 40 parlamentares e poucos
assessores, é mais barato um avião
da FAB. O problema é o número.
Se há 18 titulares e 18 suplentes,
porque mandar estes últimos? Não
trazemos suplentes ao assumir.
Eles se ambientam quando chamados a ocupar o cargo. Era um parlamento nascendo. Mesmo assim, o
que o fortalece não é o número,
mas as idéias sobre a integração.
Os deputados pagaram suas despesas pessoais. Talvez o melhor seja projetar discussões mais brandas no futuro. Como devem fazer
os canadenses e os franceses. Em
ambos os Parlamentos, há comissão especial para definir viagens e
obter delas o máximo de resultado.
Pessoas certas para as tarefas certas é um estímulo à produção de
bons relatórios.
Assim que cicatrizarem as feridas, será possível discutir uma proposta. Não há sentido permanecer
no Parlamento sem tentar melhorá-lo. Uma política de abertura para o mundo, sobretudo com o dinheiro público, significa humildade para aprender e capacidade de
interiorizar as boas idéias.
Vamos sair em busca de semanas
diferentes da que passou.
assessoria@gabeira.com.br
FERNANDO GABEIRA escreve aos sábados nesta
coluna.
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