São Paulo, sexta-feira, 12 de julho de 2002

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TENSO ANIVERSÁRIO

No dia 28 próximo, Alejandro Toledo completará seu primeiro ano como presidente do Peru. Do Toledo que tomou posse, no qual a população depositava grande esperança, ao governante de hoje, que tenta algo desesperadamente recuperar o apoio da sociedade peruana, vai uma distância abissal.
Foi confirmada a saída de dois importantes ministros da configuração original do governo de Toledo: o primeiro-ministro, Roberto Dañino, e o titular da Economia, Pablo Kuczynski. Ambos representavam uma espécie de lastro perante Wall Street: tentavam implementar o conhecido receituário ultraliberal da privatização e do ajuste fiscal. Perderam seus postos por conta da queda vertiginosa da popularidade presidencial e do episódio em que uma onda de protestos violentos levou o governo a desistir da privatização de empresas de energia elétrica no sul do país.
Não se sabe que outro rumo Toledo pretende tomar. Há rumores de que busque algum contato com o partido de Alan García, oriundo da centro-esquerda populista. García disputou com Toledo o segundo turno das eleições presidenciais.
Se Toledo caminha com relativa firmeza no que tange à revisão dos esqueletos (sobretudo penais) da era Fujimori, seu desempenho na política econômica, para quem prometeu mais emprego e menos pobreza, frustra parcela crescente da população. Essa frustração é que está obrigando à revisão do diagnóstico de que era possível levar adiante o programa econômico do fujimorismo -desregulamentação, privatização- cuidando apenas de despojá-lo de seu vezo autoritário e corrupto.
A recente onda de "experimentalismo" na América Latina (que elegeu Fox no México, Chávez na Venezuela e Toledo no Peru) parece que não foi capaz de, até agora, produzir uma alternativa ao tradicional modo de fazer política na região. Nenhum desses governos conseguiu diferenciar-se no quesito essencial: o combate às chagas do subdesenvolvimento.


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