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TENSO ANIVERSÁRIO
No dia 28 próximo, Alejandro
Toledo completará seu primeiro ano como presidente do Peru.
Do Toledo que tomou posse, no qual
a população depositava grande esperança, ao governante de hoje, que
tenta algo desesperadamente recuperar o apoio da sociedade peruana,
vai uma distância abissal.
Foi confirmada a saída de dois importantes ministros da configuração
original do governo de Toledo: o primeiro-ministro, Roberto Dañino, e o
titular da Economia, Pablo Kuczynski. Ambos representavam uma espécie de lastro perante Wall Street: tentavam implementar o conhecido receituário ultraliberal da privatização
e do ajuste fiscal. Perderam seus postos por conta da queda vertiginosa da
popularidade presidencial e do episódio em que uma onda de protestos
violentos levou o governo a desistir
da privatização de empresas de energia elétrica no sul do país.
Não se sabe que outro rumo Toledo pretende tomar. Há rumores de
que busque algum contato com o
partido de Alan García, oriundo da
centro-esquerda populista. García
disputou com Toledo o segundo turno das eleições presidenciais.
Se Toledo caminha com relativa firmeza no que tange à revisão dos esqueletos (sobretudo penais) da era
Fujimori, seu desempenho na política econômica, para quem prometeu
mais emprego e menos pobreza,
frustra parcela crescente da população. Essa frustração é que está obrigando à revisão do diagnóstico de
que era possível levar adiante o programa econômico do fujimorismo
-desregulamentação, privatização- cuidando apenas de despojá-lo de seu vezo autoritário e corrupto.
A recente onda de "experimentalismo" na América Latina (que elegeu
Fox no México, Chávez na Venezuela
e Toledo no Peru) parece que não foi
capaz de, até agora, produzir uma alternativa ao tradicional modo de fazer política na região. Nenhum desses governos conseguiu diferenciar-se no quesito essencial: o combate às
chagas do subdesenvolvimento.
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