|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CLÓVIS ROSSI
Dois países, um só coro
LISBOA - É preciso crédito mais acessível. Se você acha que essa reivindicação é de algum empresário brasileiro, acertou pela metade. É deles,
sim, mas é também de seus companheiros em Portugal.
Manuel Quintas, do grupo Quintas&Quintas, disse ao "Jornal de Negócios" que espera que o governo brasileiro reduza a taxa básica de juro
para 21% (contra os 26% atuais).
Mais: Quintas, como seus colegas
brasileiros, reclama da "ausência de
implementação de políticas de desenvolvimento que possam compensar a
austeridade (fiscal)".
Na mesma trilha entra o presidente
da portentosa Portugal Telecom (dona da Vivo, ex-Telesp Celular), para
quem "a prova de fogo vai começar
agora", na forma da demonstração
de que "o Brasil está a entrar numa
senda de crescimento".
Dá para concluir que:
1 - a ortodoxia da política econômica adotada pelo governo Luiz Inácio
Lula da Silva encantou os homens de
negócios mundo afora (ou, para não
exagerar, nos países que têm interesses diretos no Brasil).
2 - mas a magia começa a dar sinais de ser insuficiente.
De alguma forma, sem estar comentando as declarações dos empresários, o chanceler Celso Amorim
acaba por mostrar-se de acordo com
elas. O ministro diz que, mais que
proteção aos investimentos (também
reivindicada pelos portugueses diretamente ao ministro Luiz Fernando
Furlan), o que decidirá aplicações no
Brasil são "políticas macroeconômicas sólidas, um mercado grande e
perspectivas de crescimento".
Sólidas as políticas são, pelo menos
aos olhos dos empresários. O mercado é grande por natureza. Faltam as
"perspectivas de crescimento".
Aos empresários, o próprio presidente Lula deu mais ênfase ao fato de
que seu governo conseguiu "evitar o
iminente colapso" do que ao prometido espetáculo do crescimento.
Ou ele começa logo, ou as cobranças continuarão a atravessar a imensidão do Atlântico.
Texto Anterior: Editoriais: ROLETA RUSSA Próximo Texto: Brasília - Fernando Rodrigues: Quase empate Índice
|