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São Paulo, sábado, 12 de julho de 2003

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CLÓVIS ROSSI

Dois países, um só coro

LISBOA - É preciso crédito mais acessível. Se você acha que essa reivindicação é de algum empresário brasileiro, acertou pela metade. É deles, sim, mas é também de seus companheiros em Portugal.
Manuel Quintas, do grupo Quintas&Quintas, disse ao "Jornal de Negócios" que espera que o governo brasileiro reduza a taxa básica de juro para 21% (contra os 26% atuais).
Mais: Quintas, como seus colegas brasileiros, reclama da "ausência de implementação de políticas de desenvolvimento que possam compensar a austeridade (fiscal)".
Na mesma trilha entra o presidente da portentosa Portugal Telecom (dona da Vivo, ex-Telesp Celular), para quem "a prova de fogo vai começar agora", na forma da demonstração de que "o Brasil está a entrar numa senda de crescimento".
Dá para concluir que:
1 - a ortodoxia da política econômica adotada pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva encantou os homens de negócios mundo afora (ou, para não exagerar, nos países que têm interesses diretos no Brasil).
2 - mas a magia começa a dar sinais de ser insuficiente.
De alguma forma, sem estar comentando as declarações dos empresários, o chanceler Celso Amorim acaba por mostrar-se de acordo com elas. O ministro diz que, mais que proteção aos investimentos (também reivindicada pelos portugueses diretamente ao ministro Luiz Fernando Furlan), o que decidirá aplicações no Brasil são "políticas macroeconômicas sólidas, um mercado grande e perspectivas de crescimento".
Sólidas as políticas são, pelo menos aos olhos dos empresários. O mercado é grande por natureza. Faltam as "perspectivas de crescimento".
Aos empresários, o próprio presidente Lula deu mais ênfase ao fato de que seu governo conseguiu "evitar o iminente colapso" do que ao prometido espetáculo do crescimento.
Ou ele começa logo, ou as cobranças continuarão a atravessar a imensidão do Atlântico.


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