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São Paulo, sábado, 12 de julho de 2003

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FERNANDO RODRIGUES

Quase empate

BRASÍLIA - O jogo ainda está no começo do primeiro tempo, e o medo já está quase empatando com a esperança. Essa é a leitura possível do recuo e do eventual recuo do recuo que o governo Lula está para protagonizar na reforma da Previdência.
Mesmo que voltem atrás, vários líderes governistas já apareceram em público para defender o conceito da integralidade -a aposentadoria igual ao último salário recebido na ativa, tanto para os servidores públicos atuais como para os futuros.
O argumento básico é que as novas condições exigidas seriam suficientes para que o modelo se torne financeiramente viável. Como se o problema da reforma da Previdência fosse apenas fiscal, e não de equidade.
Um cacique petista pragmático resume assim a crise: "Meu conceito de justiça social é só um conceito se não tivermos 308 votos no plenário para aprovar a emenda constitucional".
É verdade. Mas, se o governo Lula foi eleito para acomodar interesses e buscar algum equilíbrio fiscal para as aposentadorias, melhor seria se tivessem escolhido presidente o antigo ministro-chefe da Casa Civil Pedro Parente -um técnico mais bem preparado do que metade dos integrantes da administração petista.
No fundo, no fundo, quem mais acertou no diagnostico foi o presidente da comissão especial que analisa a reforma da Previdência, o deputado federal Roberto Brant (PFL-MG). Para ele, não existe convicção ideológica absoluta de muitos líderes governistas sobre a necessidade de certas mudanças.
Sem firmeza conceitual, qualquer desculpa serve para encontrar atalhos. Por exemplo, espalhar que o Poder Judiciário retaliaria se o governo não cedesse. Como poderão os juízes conceder liminares, por exemplo, se a reforma acabar com a aposentadoria integral para futuros magistrados? Se ainda não existem, como poderão esses "juízes" protestar?
Eis uma questão lógica -estágio ainda não atingido no "new PT".


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