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DÓLAR-SANGUE
O corpo humano reage ao frio
dirigindo o sangue para suas
áreas vitais e centrais. O mesmo pode ocorrer numa economia dependente que entra em crise.
Os dólares fazem o papel do sangue. Além das transfusões (como o
pacote do FMI), é preciso centralizar
a energia nas áreas vitais, entre as
quais se destaca o comércio exterior.
O choque externo pode levar o governo a centralizar as decisões de crédito a exportações. Afinal, o dólar escasso deve ser bem empregado. O
governo examina a opção de centralizar essas operações no BNDES.
Em tese, os recursos oferecidos pelo FMI serviriam para restaurar o crédito externo, trazendo os bancos de
volta ao mercado. No entanto, além
da incerteza brasileira, há uma aversão ao risco generalizada no sistema
financeiro internacional.
A combinação do risco local com a
precaução global pode impedir uma
recuperação plena das linhas interbancárias mesmo no segmento de financiamento ao comércio exterior,
que geralmente fica à margem das
turbulências nos nichos mais especulativos dos mercados de capitais.
Nesse contexto, é urgente apoiar
exportadores e privilegiar setores capazes de substituir importações.
Aliás, já há US$ 1 bilhão em dinheiro novo oferecido ao Brasil pelo BID
para financiar exportações.
Parte dos dólares liberados pelo
acordo com o FMI serve para atender
à demanda que vem de empresas e
bancos que precisam honrar compromissos financeiros. São recursos
que saem sem que se saiba quando
poderão voltar (não há clareza sobre
quando e em que condições empresas e bancos brasileiros voltarão a se
endividar no exterior).
Outra parte dos dólares pode ser
usada com inteligência e parcimônia
para estimular setores capazes de
trazer mais moeda forte ao país.
Além de irrigar setores produtivos,
o crédito ao comércio exterior é um
meio mais seguro de fazer com que o
paciente dependa menos de transfusões caras e cada vez mais raras.
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