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A LÓGICA DA RIXA
Israel tem o direito de defender-se militarmente dos ataques terroristas contra seu território. Operações que visem à captura de líderes
extremistas e seus colaboradores,
bem como barreiras policiais com
controle de documentação para os
palestinos que vão trabalhar em Israel, são expedientes lamentáveis,
mas legal e moralmente justificáveis.
O mesmo não se pode afirmar das
novas "armas" acionadas pelas autoridades israelenses: a demolição das
casas das famílias de palestinos que
tenham realizado atentados suicidas
e a deportação de seus parentes da
Cisjordânia para Gaza. Esses expedientes atentam contra o Direito e
tendem a reforçar a animosidade dos
palestinos contra Israel.
Na lógica que prevalecia nos tempos da rixa, quando um membro de
uma tribo era assassinado por um clã
rival, seus companheiros tinham o
"direito" de vingar-se matando qualquer integrante do grupo que o assassinou. O Direito mudou isso. Um
de seus fundamentos é justamente a
individualização da culpa.
Se os familiares de algum homem-bomba o auxiliaram objetiva e conscientemente, eles devem ser considerados cúmplices e processados. Se,
por outro lado, esses familiares não
tinham idéia dos planos homicidas
do parente, então eles são inocentes
e devem ser deixados em paz. Insistir
no contrário é aplicar a punição coletiva, uma noção que não encontra
amparo no Direito.
É verdade que as declarações de
pais e irmãos de homens-bombas
louvando seu gesto absurdo chocam
a sensibilidade ocidental. O mesmo
se pode dizer do prêmio em dinheiro
oferecido às famílias dos suicidas
por regimes como o do presidente
iraquiano Saddam Hussein. Mas
apenas odiar Israel não pode ser considerado um crime. O governo israelense precisa agir com base no Direito, e não em emoções.
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