São Paulo, segunda-feira, 12 de agosto de 2002

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FERNANDO RODRIGUES

O PSDB pós-Serra

BRASÍLIA - Ganhe ou perca, José Serra vai mudar a feição do PSDB.
O partido nasceu em 1988. Seria o desaguadouro da social-democracia. Acabou apenas mimetizando em qualidade e prática a sigla da qual se desprendeu à época, o PMDB.
Uma vitória de Serra, desnecessário dizer, fortalecerá o PSDB. A sigla atingirá a maioridade. Terá garantido 12 anos ininterruptos na Presidência da República. É muita coisa.
Mas há também a hipótese real de derrota. Um fracasso de Serra representará o desejo de várias seções tucanas pelo país: o fim da hegemonia paulista e uspiana. O partido praticamente nasceu dentro da USP, e o establishment ficou nas mãos de Mário Covas, FHC e Serra.
Covas morreu. FHC estará saindo do foco. Uma eventual derrota de Serra certamente também o retirará do centro das decisões. Ele ficaria sem mandato e com a responsabilidade de ter insistido tanto em ser candidato. Ganharia muito na vitória. Perderá quase tudo na derrota.
Há, é claro, o governador Geraldo Alckmin. Tucano de personalidade mais reservada, nunca teve grande circulação nacional. Se conseguir se reeleger para o Palácio dos Bandeirantes, talvez continue com uma atuação tímida em Brasília.
A bancada federal do PSDB paulista não tem estrelas com a mesma expressão de Serra e de FHC. O presidente nacional do partido, deputado José Aníbal (SP), amarga 3% das intenções de voto, segundo o Ibope, na disputa pelo Senado.
Fora de São Paulo, os tucanos deverão ter duas figuras de destaque. Uma delas, o cearense Tasso Jereissati -com a eleição para o Senado praticamente ganha. A outra é Aécio Neves -hoje presidente da Câmara dos Deputados e com chance de vencer no primeiro turno a disputa pelo governo de Minas Gerais.
Tasso e Aécio. Eis aí os nomes dos dois novos possíveis homens fortes do PSDB no caso de uma derrota de Serra. Nenhum dos dois é paulista.



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