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CARLOS HEITOR CONY
O tédio da sucessão
RIO DE JANEIRO - Alguma coisa não está colando na corrida presidencial,
que ainda não entusiasmou o eleitorado. Não chegamos à reta final, mas
os dados foram lançados, certamente
teremos fatos novos que poderão mudar ou não o cenário eleitoral, mas
nenhuma das candidaturas motivou
grandes mobilizações populares.
O que cada um de nós percebe, nos
contatos com família, colegas de trabalho, amigos e até conhecidos eventuais, é que não há uma convicção
formada a respeito dos candidatos.
As pesquisas feitas quase diariamente revelam exatamente que os candidatos patinam nos mesmos patamares, Ciro subindo, Serra descendo,
Lula e Garotinho mais ou menos estabilizados na liderança e no último
lugar da competição, sendo que Garotinho arranjou agora um sócio para segurar a lanterna.
Não há paixão por nenhum dos
candidatos, nem mesmo por Lula,
que tanto motivou o eleitorado em
eleições passadas. Mudou o candidato ou mudou o eleitor? Parece que
mudaram os dois. Não sei se para
melhor ou para pior.
Ciro cresceu, mas ainda não tem
aquele clima despertado por alguns
candidatos no passado, como Lula,
Collor, Brizola, o próprio FHC. Tem
contra ele um temperamento à Sinatra que certamente o prejudicará. E
junta no mesmo saco tantos gatos
contrários que será difícil administrar apoios contraditórios.
Serra foi o que mais lutou para ser
candidato, teve muitas oportunidades. Enquanto Ciro Gomes quebra
câmaras e gravadores, como Sinatra,
Serra parece uma sereia, a metade de
cima na oposição, a outra metade
-justamente o rabo- no governo.
Garotinho faz eficiente laboratório
para ser prefeito do Rio em 2004 e
volta à disputa presidencial em 2006
com cacife mais consistente, pois é
agora uma figura nacional, condição
que conquistou como candidato presidencial e não como governador do
Rio, muito menos como prefeito de
Campos.
O abacaxi da sucessão é tal e tamanho que ninguém acredita em ninguém.
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