UOL




São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 2003

Próximo Texto | Índice

SINAL DOS TEMPOS

Reportagens publicadas ontem pela Folha revelam o profundo desequilíbrio entre os setores econômicos brasileiros. De um lado, ganhos elevados das instituições financeiras; de outro, a penúria industrial. O lucro nominal de 12 bancos atingiu R$ 4,3 bilhões no primeiro semestre, resultando em uma rentabilidade média de 23,8% sobre o patrimônio líquido, de acordo com a consultoria Austin Asis.
A lucratividade bancária está associada à política de juros altos do Banco Central, à volatilidade da taxa de câmbio e às elevadas tarifas e taxas praticadas no mercado de crédito -em média 38,6% ao ano para empresas e 81,4% para pessoas físicas durante o mês de junho.
Em contraste com o mundo financeiro, estudo elaborado pelo Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) mostrou que a produção de eletroeletrônicos, de produtos farmacêuticos, de cimento e de materiais plásticos regrediu ao mesmo patamar de 1991. A produção de eletroeletrônicos estaria apenas 2,3% acima da registrada no primeiro semestre daquele ano. Se comparada à do primeiro semestre de 2002, caiu 22%. A produção de vestuários foi 36% inferior à do início dos anos 90. Em relação ao primeiro semestre do ano passado, houve uma queda de 20,2%. São números que revelam os impactos das políticas monetária e fiscal restritivas. Os mais prejudicados foram os que dependem do mercado interno e do crédito bancário.
Esse panorama demonstra que a política econômica continua prejudicando os setores produtivos, geradores de renda e de emprego. A taxa de juros real (descontada a inflação projetada de 4,53% nos próximos 12 meses) paga por empresas e consumidores encontra-se em patamares elevadíssimos, mantendo os altos lucros bancários e o baixo crescimento da atividade econômica. Não é demais insistir que, diante de tal cenário, caberia ao Banco Central adotar uma política mais agressiva de queda dos juros básicos. A alternativa é continuarmos assistindo ao triste "espetáculo da recessão".


Próximo Texto: Editoriais: A AMEAÇA DO TERROR
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.