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SINAL DOS TEMPOS
Reportagens publicadas ontem pela Folha revelam o profundo desequilíbrio entre os setores
econômicos brasileiros. De um lado,
ganhos elevados das instituições financeiras; de outro, a penúria industrial. O lucro nominal de 12 bancos
atingiu R$ 4,3 bilhões no primeiro
semestre, resultando em uma rentabilidade média de 23,8% sobre o patrimônio líquido, de acordo com a
consultoria Austin Asis.
A lucratividade bancária está associada à política de juros altos do Banco Central, à volatilidade da taxa de
câmbio e às elevadas tarifas e taxas
praticadas no mercado de crédito
-em média 38,6% ao ano para empresas e 81,4% para pessoas físicas
durante o mês de junho.
Em contraste com o mundo financeiro, estudo elaborado pelo Iedi
(Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) mostrou que
a produção de eletroeletrônicos, de
produtos farmacêuticos, de cimento
e de materiais plásticos regrediu ao
mesmo patamar de 1991. A produção
de eletroeletrônicos estaria apenas
2,3% acima da registrada no primeiro semestre daquele ano. Se comparada à do primeiro semestre de 2002,
caiu 22%. A produção de vestuários
foi 36% inferior à do início dos anos
90. Em relação ao primeiro semestre
do ano passado, houve uma queda
de 20,2%. São números que revelam
os impactos das políticas monetária
e fiscal restritivas. Os mais prejudicados foram os que dependem do mercado interno e do crédito bancário.
Esse panorama demonstra que a
política econômica continua prejudicando os setores produtivos, geradores de renda e de emprego. A taxa de
juros real (descontada a inflação projetada de 4,53% nos próximos 12 meses) paga por empresas e consumidores encontra-se em patamares elevadíssimos, mantendo os altos lucros bancários e o baixo crescimento
da atividade econômica. Não é demais insistir que, diante de tal cenário, caberia ao Banco Central adotar
uma política mais agressiva de queda
dos juros básicos. A alternativa é
continuarmos assistindo ao triste
"espetáculo da recessão".
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