São Paulo, domingo, 12 de agosto de 2007

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ELIANE CANTANHÊDE

Frente fria

BRASÍLIA - O governo não tem sossego. Queda do Gol, crise aérea, greve dos controladores, explosão do TAM, Renan ladeira abaixo e, agora, a história mal contada dos dois atletas arrependidos que foram mandados rapidinho, rapidinho de volta para Cuba.
Nada disso, porém, tem sido capaz de abalar a sólida popularidade de Lula no segundo mandato, como mensalão, "cuecão" e outros aumentativos não tinham sido no primeiro. As duas principais explicações são, sistematicamente, o Bolsa Família e a estabilidade da economia. Os mais pobres estão comendo mais, os mais ricos nunca lucraram tanto. Como os banqueiros.
O segundo sacolejo seguido da economia mundial, no final da semana passada, deve deixar o governo alerta. E não apenas o comando da área econômica mas também os articuladores políticos e de comunicação do Planalto.
Guido Mantega e os seus não param de repetir que nunca antes neste país a economia esteve tão sólida, mas a situação dos EUA ainda é imprevisível, e as Bolsas caíram no mundo inteiro. Isso tem efeitos diretos no Brasil, onde as ações sentiram o golpe e o dólar subiu -levemente, mas subiu. Agora, é ficar de olho no risco-país.
Isso, é claro, sempre pode resvalar para a política. Lula foi vaiado no Maracanã e depois veio o tal movimento "Cansei", em São Paulo. O Datafolha mostra sua popularidade intacta, mas com queda de 7 pontos entre os que tem renda acima de dez mínimos. É essa gente que vem migrando para aplicações em Bolsa e que se diz feliz por poder viajar e comprar mais com o dólar barato.
Enfim, Lula é sólido e sua aprovação tem resistido a toda prova, mas não significa que seja bom para qualquer governo, mesmo o seu, conviver com incertezas e turbulências em Bolsas e em câmbio.
É aí que mora o perigo na economia. E é na economia que mora o grande perigo político.

elianec@uol.com.br


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