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ELIANE CANTANHÊDE
Frente fria
BRASÍLIA - O governo não tem
sossego. Queda do Gol, crise aérea,
greve dos controladores, explosão
do TAM, Renan ladeira abaixo e,
agora, a história mal contada dos
dois atletas arrependidos que foram mandados rapidinho, rapidinho de volta para Cuba.
Nada disso, porém, tem sido capaz de abalar a sólida popularidade
de Lula no segundo mandato, como
mensalão, "cuecão" e outros aumentativos não tinham sido no primeiro. As duas principais explicações são, sistematicamente, o Bolsa
Família e a estabilidade da economia. Os mais pobres estão comendo
mais, os mais ricos nunca lucraram
tanto. Como os banqueiros.
O segundo sacolejo seguido da
economia mundial, no final da semana passada, deve deixar o governo alerta. E não apenas o comando
da área econômica mas também os
articuladores políticos e de comunicação do Planalto.
Guido Mantega e os seus não param de repetir que nunca antes neste país a economia esteve tão sólida,
mas a situação dos EUA ainda é imprevisível, e as Bolsas caíram no
mundo inteiro. Isso tem efeitos diretos no Brasil, onde as ações sentiram o golpe e o dólar subiu -levemente, mas subiu. Agora, é ficar de
olho no risco-país.
Isso, é claro, sempre pode resvalar para a política. Lula foi vaiado no
Maracanã e depois veio o tal movimento "Cansei", em São Paulo. O
Datafolha mostra sua popularidade
intacta, mas com queda de 7 pontos
entre os que tem renda acima de
dez mínimos. É essa gente que vem
migrando para aplicações em Bolsa
e que se diz feliz por poder viajar e
comprar mais com o dólar barato.
Enfim, Lula é sólido e sua aprovação tem resistido a toda prova, mas
não significa que seja bom para
qualquer governo, mesmo o seu,
conviver com incertezas e turbulências em Bolsas e em câmbio.
É aí que mora o perigo na economia. E é na economia que mora o
grande perigo político.
elianec@uol.com.br
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