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ELIANE CANTANHÊDE
Malan esconde o ouro?
BRASÍLIA - O Ministério da Fazenda cuida dessas coisas de encanador:
fontes, ajustes, torneiras e tesouras.
Solda daqui, corta dali, pode ser devastador para a área social, mas não
tem a ver diretamente com ela.
Pedro Malan, entretanto, desandou a falar de miséria, injustiça e pobres como se fossem da sua área. Parece até coisa de candidato.
A Fazenda também não tem nada
a ver com violência urbana, narcotráfico, segurança pública.
Malan, entretanto, quase só falou
disso num jantar com o PFL no Palácio do Jaburu, a residência oficial do
vice-presidente da República. Parece
até coisa de candidato.
A Fazenda está agarrada à âncora
da inflação (aquela que, em resumo,
justifica tudo o que o governo faz de
ruim). Quem cuida de verbas para o
social é o Ministério do Orçamento. E
quem cuida dos programas sociais
são Saúde e Educação, por exemplo.
Malan, entretanto, pediu licença à
inflação, à Fazenda, ao Banco Central, à Saúde, à Educação e ao Orçamento e foi ao Palácio do Planalto
discutir a política social do governo.
Parece até coisa de candidato.
Agora, Fazenda e Malan devem
mesmo se manifestar sobre o plebiscito da dívida externa, porque está na
cara que o resultado vai ser contra o
pagamento -logo, contra o governo.
Malan, entretanto, escreve artigos
contra o PT e não contra a principal
articuladora do plebiscito, a CNBB.
Polariza com o partido mais forte da
oposição e não cria caso com a igreja.
Parece até coisa de candidato.
A Fazenda já tem um site na Internet sobre dados, programas, ações e
discursos do ministro que interessam
a empresas e cidadãos.
Malan, entretanto, autorizou seu
advogado a abrir e depois manteve o
site www.Malan2002.com.br. Parece
até coisa de candidato.
Como ACM andou dizendo que
Malan nunca viu um pobre, só falta
agora a agenda da Fazenda trocar os
engravatados pelos descamisados.
Vai até parecer coisa de candidato.
Nem tudo o que reluz é ouro. Mas
pode ser. Às vezes, é mesmo.
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