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São Paulo, sexta-feira, 12 de setembro de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Devido respeito
"A diferença entre tratar um adolescente de 14 anos que optou por ingressar nas Farc como um imbecil -como muitos jornais, principalmente os da TV, fizeram na semana passada- e tratar um movimento juvenil dentro de um contexto social e histórico está no respeito com que os jornalistas lidam com seus leitores. Por isso parabenizo o repórter Ricardo Lisbôa, do Folhateen, pela excelente reportagem sobre a reivindicação dos jovens de Salvador ("Jovens de Salvador param a cidade com protestos", 8/9). É certamente com esse respeito que o jovem quer e prefere ser tratado."
Cristiano Peres, 20 anos (Brasília, DF)

OAB 1
"A Chapa D'Urso-NOVAoabsp, diante da nota "Apoio fantasma" ("Painel", 10/9), esclarece: 1. tão logo foi lançado o nome de Luiz Flávio Borges D'Urso como candidato à presidência da OAB-SP, o advogado Eduardo Reale Ferrari comunicou o seu integral apoio a essa candidatura, informando que esse apoio incluía também o de seu tio, o professor Miguel Reale Júnior, autorizando a inserção de seus nomes entre os apoiadores; 2. o próprio Luiz Flávio Borges D'Urso, estando a fazer panfletagem na porta do Fórum João Mendes Júnior, foi abordado pelo professor Miguel Reale Júnior, que, pessoalmente, reiterou-lhe esse apoio perante grande número de advogados; 3. o nome do professor Miguel Reale Júnior figurou, desde então e por longo tempo, de forma pública e sem contestação como um dos apoiadores de Luiz Flávio Borges D'Urso; 4. agora, recentemente, o professor Miguel Reale Júnior, incomodado pela existência de quase uma dezena de candidatos, alguns dos quais fazendo parte de sua relação de amizade, deliberou manter-se neutro e comunicou, por e-mail, essa sua intenção ao doutor Luiz Flávio Borges D'Urso, solicitando, agora, a exclusão de seu nome da lista de apoiadores; 5. em respeito à decisão íntima do professor Miguel Reale Júnior e mostrando a integridade ética da chapa liderada por Luiz Flávio Borges D'Urso, foi retirado o nome do conceituado advogado Miguel Reale Júnior da lista dos apoiadores (no site www.dursonovaoabsp.com.br). Em relação à mala-direta e aos impressos, o nome do professor Miguel Reale Júnior já constava nela antes de seu novo posicionamento, não guardando, portanto, nenhum relação com o chamado uso indevido de seu nome; 6. nada houve de anormal e não foi "apoio fantasma". Foi apoio real, até o momento em que deixou de existir, quando o até então apoiador tomou a decisão de se tornar neutro na disputa. Essa é a verdade. E o professor Miguel Reale Júnior, por sua ética e seu ilibado comportamento, está aí para confirmar esses fatos; 7. todos os nomes constantes da lista, que cresce diária e geometricamente, das advogadas e dos advogados que querem sufragar o nome do D'Urso, correspondem a apoios verdadeiros e autorizados. É óbvio que, em uma disputa eleitoral, o eleitor, até a hora de depositar seu voto na urna, tem o direito de manter ou de mudar o seu voto. Isso está na consciência de cada um; 8. lamenta-se, por fim, que candidatos, já prevendo a derrota, passem a plantar "notícias" irreais, em uma atitude imprópria e antiética para alguém que almeja dirigir a entidade de maior respeito e tradição neste país, que é a OAB."
Luiz Flávio Borges D'Urso (São Paulo, SP)

OAB 2
"A nota veiculada pelo "Painel" não foi por mim enviada ou autorizada na forma e no conteúdo. Outros candidatos podem ter tomado conhecimento do meu pedido de que não constasse meu nome na lista de apoio e, por isso, podem ter aproveitado para tirar proveito político do fato, passando a notícia. O certo é que jamais conversei com o D'Urso sobre a sua candidatura, a não ser em uma passagem rápida em frente ao Fórum, na qual apenas disse, brincando, que ele não escolhera bem seus companheiros de chapa -referindo-me ao Eduardo, meu sobrinho, que, aliás, se afastou da chapa. Não considero que tenha havido deslealdade por parte da chapa do D'Urso; antes houve utilização indevida e pouco fiel da circunstância de haver me posicionado neutro para exame dos candidatos e de suas propostas em relação a questões que considero fundamentais."
Miguel Reale Júnior, advogado e ex-ministro da Justiça (São Paulo, SP)

Outro 11.9
"Comovente o texto de José Serra sobre o golpe contra Allende ("Trinta anos esta manhã", Mundo, pág. A22, 11/9). Como também foi comovente a coragem da Folha ao privilegiar a visibilidade do outro 11 de setembro."
Maria Teresa Araújo Silva (São Paulo, SP)

Energia
"Em relação à reportagem "Luz é mais cara para cliente de privatizada" (Dinheiro, 8/9), tenho os seguintes comentários a respeito da infeliz escolha do título: 1. a cadeia produtiva do setor elétrico está organizada em geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia; 2. o setor de geração, responsável pela produção da energia, ainda é predominantemente controlado diretamente pelo governo via estatais que detêm cerca de 80% do setor; 3. no setor elétrico, não há margem para arbitrariedades das empresas, estatais ou privadas, uma vez que a tarifa de energia é regulada pela Aneel; 4. a tarifa elétrica é composta de duas parcelas, chamadas de A e B. A parcela A representa os "custos não-gerenciáveis" e é repassada totalmente à tarifa por conter itens que fogem ao poder de administração da distribuição; 5. a compra de energia é o item mais significativo da parcela A. Como 80% da geração de energia é feita pelas estatais, tal parcela depende essencialmente do preço de energia das empresas estatais; 6. o próprio repórter explica: "Há explicações técnicas para a diferença nas tarifas. A principal delas está relacionada com o custo do dólar: as distribuidoras da região Sudeste compram energia de Itaipu, hidrelétrica que, por ser binacional (Brasil-Paraguai), vende em dólar". Aproximadamente 11% da tarifa média paga pelo consumidor brasileiro se deve ao custo com a compra obrigatória de energia de Itaipu, paga três vezes ao mês ao dólar do dia. Novamente, tratamos de energia estatal cujo custo é apenas repassado aos consumidores pelas distribuidoras, sejam elas estatais ou privadas; 7. o repórter continua a explicar os outros fatores que produzem o efeito de energia mais cara: "Os custos altos de geração das usinas nucleares (Angra 1 e 2), de energia importada da Argentina e de termelétricas que geram eletricidade cobrada em dólar (...). Para a geração termelétrica com óleo combustível, muito usado na região, há subsídio pago por todos os consumidores do país (...)". Ao ler que "as cinco maiores tarifas são de distribuidoras privatizadas, e as cinco menores, de estatais", o leitor é induzido a correlacionar "capital privado" e "energia mais cara". O correto seria vincular o valor da tarifa às características regionais de fornecimento da energia elétrica. Seria muito mais adequado, por exemplo, dizer "Luz é mais cara para clientes da região Sudeste", já que as cinco empresas da amostra usadas para chegar à "conclusão" do título da reportagem servem clientes do Sudeste, região sujeita aos custos mais caros de geração de energia. Os fatos comprovam que não é possível estabelecer nenhuma ligação entre empresas privadas e altas tarifas. Ainda quando se avalia a participação privada no setor de energia elétrica, relembro: 1. o consumidor brasileiro tem sido beneficiado pela boa gestão das empresas privadas na distribuição: a duração média das interrupções no suprimento de energia caiu 40% de 1997 para cá. E a frequência média dessas falhas caiu 35%; 2. o contribuinte brasileiro já foi beneficiado em mais de R$ 100 bilhões pela privatização do setor se trouxermos a valor presente os preços pagos pelas concessões."
Claudio J.D. Sales, diretor-presidente da CBIEE -Câmara Brasileira de Investidores em Energia Elétrica (São Paulo, SP)


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