São Paulo, sábado, 12 de outubro de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Computadores e educação
"Gostaria de tecer alguns comentários em relação à carta da senhora Laura da Costa, publicada ontem nesta seção, em que ela sugere ser inapropriado o financiamento da compra de computadores com dinheiro do Estado para os professores. Não tenho procuração do secretário de Estado da Educação para defendê-lo nem pertenço ao partido dele -sou eleitor do PT desde a sua fundação. No entanto penso que a senhora Laura se encontre equivocada ao criticar a atitude do secretário. Vejamos. 1. Salas de aula pobres? Para resolver esse problema, é necessário que se faça pressão sobre os governantes (de qualquer partido), o que passa pelo voto. 2. A leitora não deve esquecer-se de que os salários dos professores estão ainda muito defasados e, portanto, muitos não podem comprar computadores. 3. Apesar dessas dificuldades, um professor não pode ficar defasado em seus conhecimentos e deve ter instrumentos adequados para a preparação de aulas. Para isso serve um computador: pesquisa de assuntos relevantes na internet e adequada preparação de material didático."
Pedro Guilherme Fernandes da Silva, professor-doutor do Centro Universitário Moura Lacerda de Ribeirão Preto (Franca, SP)

Segundo turno
"Gostaríamos de registrar que não aceitamos a decisão de alguns filiados do PTB, tomada após o almoço na residência do deputado José Carlos Martinez, de apoiar Lula nas eleições de segundo turno. Posso afirmar isso em nome da totalidade da bancada eleita do PTB no Estado de São Paulo e da grande maioria dos petebistas no país inteiro. Estamos apoiando José Serra para presidente e Geraldo Alckmin para governador de São Paulo."
Ricardo Izar, deputado federal (Brasília, DF)

Oligarquias
"Não sou petista, mas voto no PT. Acho uma grande hipocrisia querer ligar Lula e o PT às oligarquias, já que os demais candidatos são as próprias oligarquias encarnadas, usem os disfarces que usarem. Acho hipócrita e acintoso referir-se aos petistas como pobres ingênuos, que não sabem muito bem o que se passa diante dos seus olhos. A grande maioria que pretende votar no PT não é formada por petistas de carteirinha, e sim por cidadãos esperançosos de uma mudança significativa nos rumos que o Brasil vem tomando, que sempre privilegia os "donos" dos bens de produção e empurra o povo para humilhantes e degradantes condições de vida e trabalho. A maioria dos que votam no PT e em Lula não é idiota nem espera que ele seja um salvador da pátria. Sabemos que, se eleito, será um governo difícil, mas um governo com o qual o povo poderá identificar-se muito mais do que com o dos pseudo-intelectuais ou com o dos pseudo-super-homens."
Marco Cardoso (São Paulo, SP)

Ideologia
"Foi com espanto que li que José Sarney está cotado para presidir o Senado em um eventual governo Lula. É preciso que aconteçam alianças, mas isso já é aberração! Cadê a ideologia do PT?"
Sonia Meirelles (São Paulo, SP)

Coerência
"O ex-prefeito, ex-governador e agora ex-candidato à Presidência da República Anthony Garotinho vive questionando o apoio do ex-presidente José Sarney a Lula, dizendo que é uma aliança conservadora, da qual ele não participa. Mas, para reeleger a sua mulher, Rosinha Garotinho, ele fez aliança com a extrema direita do Rio de Janeiro situada dentro do PPB, que, em São Paulo, é a sigla de Paulo Maluf e, no Rio de Janeiro, dos deputados Francisco Dornelles (governo FHC), Jair Bolsonaro (a favor da pena de morte) e Eurico Miranda. Para quem deseja ser um dia presidente da República, um pouco de coerência não seria nada mal."
Marcelo Cavinatto (Barra Bonita, SP)

Gastos
"Os jornais divulgaram que o governo voltou a aumentar os limites de gastos dos ministérios -agora em R$ 1,57 bilhão. Em condições normais, tal medida passaria despercebida. Contudo não podemos nem devemos esquecer que estamos em ano eleitoral e às vésperas do segundo turno da eleição. Mudam os governantes, mas ficam as velhas práticas do tipo "uma mão lava a outra"."
Floro Sant'ana De Andrade Neto (Maceió, AL)

Desarmamento
"Chegou a hora de o presidente FHC aumentar ainda mais o seu prestígio de estadista de âmbito mundial, desarmando, por meio da ONU, a "bomba" que, segundo o ponderado presidente egípcio Hosni Mubarak, ameaça o mundo com desordem e caos. Bastaria que FHC propusesse a adoção pela ONU da medida -de iniciativa de seu próprio secretário-geral- que o organismo mundial já deveria ter tomado há muito tempo: limitar a soberania das ditaduras que se armam muito além das necessidades de sua defesa própria com armas de destruição em massa -biológicas, químicas ou nucleares. Como argumento para defender essa medida drástica, a ONU poderia recorrer a um precedente histórico, que custou ao mundo 50 milhões de mortos e à Liga das Nações (culpada por omissão) a sua própria existência."
Iwan Thomas Halasz (São Paulo, SP)

Carandiru
"O sr. Guilherme Afif Domingues, no artigo "Saudades do Carandiru" ("Tendências/Debates", pág. A3, 8/10), faz referência a um guia de São Paulo que situa a Penitenciária do Estado no "distrito do Carandiru" e a menciona como a primeira da América do Sul "não só pela suntuosidade de seus imensos pavilhões, dotados dos mais modernos requisitos de higiene, como pelo regime penitenciário ali adotado", onde estariam centenas de presos -todos condenados. São mencionadas as condições que permitiriam o bom trabalho destinado à reintegração do interno à sociedade. Insurge-se o articulista contra a anunciada implosão da Casa de Detenção. Para ele, "o que se pretendeu não foi implodir o Carandiru, mas encobrir com seus escombros a incompetência de uma sociedade que tem sido incapaz de construir seu presente e planejar o seu futuro". O sr. Afif Domingues confundiu Casa de Detenção com Penitenciária do Estado. A Casa de Detenção se destinava a presos processuais e estava sendo utilizada para cumprimento de pena. Superlotada, era um barril de pólvora no meio da cidade, daí a imperiosidade de sua destruição definitiva. Tinha capacidade para 3.500 presos, mas chegou a abrigar mais de 7.000 detentos. A Penitenciária do Estado continua em funcionamento e foi, efetivamente, um estabelecimento-modelo. Projetada por Ramos de Azevedo, integra o complexo penitenciário do Carandiru, com a Penitenciária Feminina e o Centro de Observação Criminológica. Em 1951, quando foi editado o guia que é fonte de informação do político e empresário, nem existia a Casa de Detenção. A sua inauguração parcial se deu em 1956, sob o governo de Jânio Quadros."
José Carlos Dias, ex-ministro da Justiça (São Paulo, SP)



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