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MARINA SILVA
Ainda
no páreo
O BRASIL sempre foi ator importante nas negociações da
Convenção de Mudanças
Climáticas. Foi um dos proponentes do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e do princípio das
responsabilidades comuns porém
diferenciadas. A posição brasileira
avançou com o tempo, sobretudo
pela mobilização de organizações
da sociedade civil e da comunidade
científica.
Desde 2004, estabeleceu um novo patamar para sua participação
no esforço global de enfrentamento das mudanças do clima. A criação do Plano de Combate ao Desmatamento da Amazônia marcou
esse momento. A partir dele, o Brasil criou as condições para iniciar
um processo estrutural de redução
das emissões oriundas dessa fonte.
Em 2005, na reunião de Montreal (Canadá), o país exibiu o primeiro resultado positivo do plano
-redução de 32% no desmatamento da Amazônia em relação a
2004- e lá admitiu a inserção das
florestas na discussão. Em 2006,
com a redução atingindo 49%, chegou a Nairóbi (Quênia), com a proposta de criação de mecanismo de
compensação para países que reduzam emissões oriundas do desmatamento das florestas tropicais.
Em 2007, com três anos de redução consecutiva do desmatamento
da Amazônia, o Brasil propôs a implementação do princípio apresentado na reunião anterior e lançou o
Fundo Amazônia, numa aliança
com a Noruega. Um país petrolífero, que até então tivera atuação discreta na Convenção do Clima, a
partir daí passou a ter papel crescente na conservação da biodiversidade e na luta contra o aquecimento global.
Em 2008, o Brasil continuou a
avançar e anunciou a meta voluntária de redução do desmatamento
em 80% até 2020. A Noruega
anunciou a criação do Programa
para Proteção das Florestas Tropicais e concretizou a doação de
US$ 1 bilhão ao Fundo Brasileiro
de Clima.
Mas, neste ano, a Noruega foi
mais longe. Anunciou em Bancoc,
na última semana, seu compromisso de reduzir emissões em 40% até
2020 em relação a 1990, acatando o
nível mais alto recomendado pelo
IPCC. Foi um alento, após duas semanas de reuniões com pouco progresso e muitos impasses nas discussões para o novo acordo que se
espera alcançar em Copenhague,
em dezembro próximo.
O Brasil, quarto maior emissor
de gases do efeito estufa, pode e
precisa dar um passo à frente antes
de dezembro, comprometendo-se
com metas de redução de emissões, não apenas das oriundas do
desmatamento na Amazônia mas
de todos os setores da economia.
Brasil e Noruega podem cumprir
em Copenhague o papel fundamental de catalisar um acordo ousado. A Noruega já assumiu este
papel. Ainda há tempo de o Brasil
fazer o mesmo.
contatomarinasilva@uol.com.br
MARINA SILVA escreve às segundas-feiras nesta
coluna.
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