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O PLEITO JAPONÊS
Tecnicamente , o premiê japonês, Junichiro Koizumi, obteve
uma vitória nas eleições gerais de domingo. Sua coalizão de governo saiu
vencedora e ele se manteve no cargo.
Politicamente, porém, os resultados
do pleito representam uma derrota
para Koizumi, que não foi capaz de
traduzir sua alta popularidade em votos para o seu Partido Liberal-Democrático (PLD).
Embora a coalizão de governo tenha conquistado 275 das 480 cadeiras da Câmara Baixa da Dieta (Parlamento), a agremiação do premiê perdeu dez representantes. Passou de
247 para 237, ficando quatro lugares
aquém da maioria de 241. Para evitar
essa situação constrangedora, na segunda-feira o PLD se fundiu ao menor dos partidos da coalizão, que havia feito quatro cadeiras.
A pífia vitória do premiê se torna
ainda mais amarga quando se considera que ele esperava ganhar força
para implementar seu programa de
reformas liberais, que encontra resistência em setores do próprio PLD.
No que representa mais um paradoxo desta eleição, a legenda que
mais cresceu, o Partido Democrático
do Japão (PDJ), que ganhou 40 cadeiras, passando a deter 177, também
defende as reformas. Uma aliança
entre PLD e PDJ, contudo, é altamente improvável. Naoto Kan, o líder do
PDJ, foi bastante claro quanto a seu
projeto de seguir crescendo na oposição para depois conquistar o poder
como sócio majoritário.
Em que pesem as dificuldades que
a magra vitória possa trazer ao governo, o resultado poderá produzir efeitos positivos para a democracia japonesa. O PLD governa o Japão quase
ininterruptamente há 50 anos - o
que faz do surgimento de uma nova
agremiação com estatura para vencer
um pleito um fato saudável. Persistirão, no entanto, os problemas econômicos, apesar de sinais positivos e
projeções de crescimento de 2,4%
em 2004. O Japão certamente será
convocado a participar dos necessários ajustes da economia internacional, o que exigirá do governo força
política para a tomada de decisões
estratégicas.
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