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São Paulo, quarta-feira, 12 de novembro de 2003

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O PLEITO JAPONÊS

Tecnicamente , o premiê japonês, Junichiro Koizumi, obteve uma vitória nas eleições gerais de domingo. Sua coalizão de governo saiu vencedora e ele se manteve no cargo. Politicamente, porém, os resultados do pleito representam uma derrota para Koizumi, que não foi capaz de traduzir sua alta popularidade em votos para o seu Partido Liberal-Democrático (PLD).
Embora a coalizão de governo tenha conquistado 275 das 480 cadeiras da Câmara Baixa da Dieta (Parlamento), a agremiação do premiê perdeu dez representantes. Passou de 247 para 237, ficando quatro lugares aquém da maioria de 241. Para evitar essa situação constrangedora, na segunda-feira o PLD se fundiu ao menor dos partidos da coalizão, que havia feito quatro cadeiras.
A pífia vitória do premiê se torna ainda mais amarga quando se considera que ele esperava ganhar força para implementar seu programa de reformas liberais, que encontra resistência em setores do próprio PLD.
No que representa mais um paradoxo desta eleição, a legenda que mais cresceu, o Partido Democrático do Japão (PDJ), que ganhou 40 cadeiras, passando a deter 177, também defende as reformas. Uma aliança entre PLD e PDJ, contudo, é altamente improvável. Naoto Kan, o líder do PDJ, foi bastante claro quanto a seu projeto de seguir crescendo na oposição para depois conquistar o poder como sócio majoritário.
Em que pesem as dificuldades que a magra vitória possa trazer ao governo, o resultado poderá produzir efeitos positivos para a democracia japonesa. O PLD governa o Japão quase ininterruptamente há 50 anos - o que faz do surgimento de uma nova agremiação com estatura para vencer um pleito um fato saudável. Persistirão, no entanto, os problemas econômicos, apesar de sinais positivos e projeções de crescimento de 2,4% em 2004. O Japão certamente será convocado a participar dos necessários ajustes da economia internacional, o que exigirá do governo força política para a tomada de decisões estratégicas.


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