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FERNANDO RODRIGUES
Nocaute
BRASÍLIA - Atônito, o governo Lula tomou um nocaute espetacular na
madrugada de quinta para sexta-feira. O Palácio do Planalto achava que
poderia barrar a prorrogação da CPI
dos Correios. Foi derrotado pela oposição. Lula corre o risco de ter de aturar depoimentos e acusações em rede
de TV até o dia 11 de abril.
No final da tarde de quinta-feira, o
articulador político de Lula, o ministro Jaques Wagner, estava de viagem
para Bruxelas. Márcio Thomaz Bastos e Dilma Rousseff falaram-se ao telefone, festejando o sucesso na operação antiprorrogação. Deu tudo errado e o Planalto perdeu.
Não se trata, é evidente, do fim do
mundo. Mas um governo que perde
uma disputa prosaica como essa demonstra estar perigosamente fragilizado. Não era uma votação para liberar drogas ou devolver o Acre para
a Bolívia. Tratava-se de um simples
requerimento, cuja exigência para
aprovação é de mero um terço dos
congressistas. Na Câmara, parcos 171
deputados em um total de 513.
Além disso, é justo reconhecer, o governo tem um ponto razoável a seu
favor: talvez seja mesmo desnecessário prorrogar a CPI dos Correios até
abril. Mais um ou dois meses bastariam para a coleta dos dados.
Nem assim o Palácio do Planalto
conseguiu convencer deputados e senadores. E não faltaram argumentos
concretos, com promessas de liberação de emendas do Orçamento.
Neste ano, o governo já prometeu
liberar (empenhou, no jargão orçamentário) R$ 366,1 milhões de emendas individuais de congressistas. Desse valor, R$ 116,5 milhões (31,8%) foram empenhados de 25 de outubro
para cá. Essa era a razão para que o
Planalto se sentisse tão otimista a respeito de barrar a prorrogação da CPI
dos Correios.
Só que, na atual crise, promessa de
Lula e de seus ministros valem pouco.
Deputados e senadores querem ver o
dinheiro liberado, não só empenhado. Têm razão. Confiar na palavra
do PT não tem sido bom negócio.
@ - frodriguesbsb@uol.com.br
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