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São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 2003

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LENTO E DESIGUAL

Em encontro com o objetivo de avaliar o desempenho da economia, empresários manifestaram às autoridades econômicas algumas incertezas sobre a retomada do crescimento. Paulo Skaf, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), disse que os sinais da recuperação ainda não teriam chegado ao "chão da fábrica". Benjamin Steinbruch, presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), foi na mesma linha: "Na ponta do varejo, do consumo e de produção a gente não está ainda tão certo desse crescimento".
Não parece haver exagero nas declarações, ainda que muitas vezes empresários em contato com o governo tendam a enfatizar suas agruras. Realmente, os indicadores disponíveis sugerem um quadro no qual convivem traços desarmônicos -o que pode ser uma característica de períodos de transição.
No 2º Seminário Febraban de Economia, realizado nesta semana, alguns analistas chamaram a atenção para o fato de que a recuperação econômica em curso ocorrerá de forma desigual e mais lenta do que o governo gostaria. Como repisou o economista José Roberto Mendonça de Barros, não apenas o nível de investimento encontra-se abaixo do de 2002 como o consumo sofre os efeitos do desaquecimento do mercado de trabalho e da queda de renda dos trabalhadores -de 14% de janeiro a setembro, segundo o IBGE.
Essa realidade faria com que alguns setores mais sensíveis à reação do consumo mostrassem menor dinamismo, ficando na expectativa ou de medidas "emergenciais" -como a redução do IPI para a indústria automobilística- ou de que a redução da renda possa ser compensada por uma eventual expansão do crédito.
O fato de que a recuperação se mostre ainda tímida e irregular não anula a tendência -que é de reaquecimento em 2004, como vão confirmando alguns dados relevantes, a exemplo do aumento da produção de bens de capital.
As dúvidas que permanecem são as que têm sido exaustivamente repetidas pelos que acompanham a economia. Elas dizem respeito às condições a serem criadas para que, após uma recuperação cíclica no ano que vem, o país possa sustentar um crescimento expressivo e contínuo.


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