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LENTO E DESIGUAL
Em encontro com o objetivo
de avaliar o desempenho da
economia, empresários manifestaram às autoridades econômicas algumas incertezas sobre a retomada
do crescimento. Paulo Skaf, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit),
disse que os sinais da recuperação
ainda não teriam chegado ao "chão
da fábrica". Benjamin Steinbruch,
presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), foi na mesma linha: "Na ponta do varejo, do consumo e de produção a gente não está
ainda tão certo desse crescimento".
Não parece haver exagero nas declarações, ainda que muitas vezes
empresários em contato com o governo tendam a enfatizar suas agruras. Realmente, os indicadores disponíveis sugerem um quadro no
qual convivem traços desarmônicos
-o que pode ser uma característica
de períodos de transição.
No 2º Seminário Febraban de Economia, realizado nesta semana, alguns analistas chamaram a atenção
para o fato de que a recuperação econômica em curso ocorrerá de forma
desigual e mais lenta do que o governo gostaria. Como repisou o economista José Roberto Mendonça de
Barros, não apenas o nível de investimento encontra-se abaixo do de
2002 como o consumo sofre os efeitos do desaquecimento do mercado
de trabalho e da queda de renda dos
trabalhadores -de 14% de janeiro a
setembro, segundo o IBGE.
Essa realidade faria com que alguns setores mais sensíveis à reação
do consumo mostrassem menor dinamismo, ficando na expectativa ou
de medidas "emergenciais" -como
a redução do IPI para a indústria automobilística- ou de que a redução
da renda possa ser compensada por
uma eventual expansão do crédito.
O fato de que a recuperação se
mostre ainda tímida e irregular não
anula a tendência -que é de reaquecimento em 2004, como vão confirmando alguns dados relevantes, a
exemplo do aumento da produção
de bens de capital.
As dúvidas que permanecem são as
que têm sido exaustivamente repetidas pelos que acompanham a economia. Elas dizem respeito às condições a serem criadas para que, após
uma recuperação cíclica no ano que
vem, o país possa sustentar um crescimento expressivo e contínuo.
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