São Paulo, segunda-feira, 13 de janeiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FERNANDO RODRIGUES

O óbvio na Previdência

BRASÍLIA - Dia sim e dia também um ministro de Lula dá entrevista a favor da reforma da Previdência. Truísmos à parte ("é a reforma mais urgente"), ninguém diz o óbvio.
O problema das aposentadorias pagas pelo Estado pode ser dividido em três: iniciativa privada (o menor de todos); os servidores públicos na ativa e os já aposentados (o maior desafio); e os futuros servidores (a parte mais fácil a ser resolvida).
Nenhum ministro admite que seria mais produtivo começar pelo ponto que é quase um consenso na sociedade: funcionários que ainda vão ingressar no serviço público.
Já é um fato que ninguém com QI acima de 60 seja contra um sistema único de aposentadoria para trabalhadores privados e servidores públicos -modelo vigente até em países como a Suécia.
Se é assim, por que não fazer logo essa reforma para quem ainda vai ingressar no serviço público? Essa modificação não depende de alteração da Constituição. Basta uma lei complementar.
Pode parecer uma mudança marginal, mas é justamente o oposto. Há hoje 504 mil servidores públicos federais na ativa no Poder Executivo (exceto militares). Quantos desses funcionários entraram para o governo durante os oito anos de FHC? Resposta: 51.163 (10% do total) -dado já apresentado aqui neste espaço.
São funcionários novos que já se preparam para engrossar as passeatas a favor da aposentadoria integral, o tal direito (sic) adquirido.
Há dois anos vaga pela Câmara um projeto de lei que autoriza a União, Estados e municípios a fazerem um sistema justo, com aposentadoria igual à da iniciativa privada, para os novos funcionários que ingressarem no serviço público.
Por que esse projeto para o bem do país não anda? Porque sua aprovação final esbarra em obstruções regimentais apresentadas pelo PT, PDT e PPS. Esse é o ponto. Os ministros falam uma coisa, mas o governo do PT faz outra completamente diferente.



Texto Anterior: São Paulo - Vinicius Torres Freire: Uma bobagem histórica
Próximo Texto: Rio de Janeiro - Claudia Antunes: O silêncio de Benedita
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.