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CLAUDIA ANTUNES
O silêncio de Benedita
RIO DE JANEIRO - Tem ministro falando demais, tanto que José Dirceu
pediu a alguns deles que reflitam antes de dar entrevistas. Talvez por causa disso, não se repare que o problema oposto atinge Benedita da Silva,
ministra da Assistência e da Promoção Social.
Benedita tem falado de menos desde que se mudou para Brasília. É até
compreensível que ela não queira
passar os dias respondendo às acusações de Rosinha, sua sucessora no governo do Rio. Mas a ex-governadora
também não disse nada, até agora,
sobre as tarefas de sua pasta.
No meio da confusão de versões que
envolve a execução do Fome Zero,
um ponto parece definido: seu sucesso depende de que se saiba onde estão
os mais necessitados e quantos deles
são beneficiados por programas sociais, a fim de que possam ser integrados. Esse levantamento, urgente,
caberia ao ministério de Benedita, seja concluindo o cadastro único iniciado no governo FHC, seja optando
por outra metodologia.
Nessa urgência é que está a dificuldade. Benedita demonstra tendência
para adiar decisões, principalmente
se implicam risco político e perdas
pessoais. Alguns exemplos: em 2000,
defendeu até o fim a permanência do
PT no governo Garotinho, mesmo
quando o ex-governador já tinha
praticamente expulsado o partido;
no governo, ensaiou um recadastramento do Cheque-Cidadão, mas acabou deixando tudo como estava no
projeto que sempre havia sido criticado pelos petistas, por dar às igrejas
evangélicas o quase-monopólio na
distribuição do benefício; manteve
no comando da PM o coronel Francisco Braz, cujas declarações eram
cotidianamente desmentidas pelos
fatos.
Agora, no Planalto, a notícia que se
tem da ministra é sua disputa por espaço -físico- com José Graziano,
da Segurança Alimentar. Um conflito ridículo que sublinha a superposição de funções dos dois ministérios.
Sabe-se que, para a cúpula do PT, Benedita é um símbolo. Mas, uma vez
que aceitou cargo no Executivo, ela
tem que ser muito mais do que isso.
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