São Paulo, sexta-feira, 13 de fevereiro de 2004

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A DANÇA DOS JUROS

Todas as taxas de juros cobradas das pessoas físicas no sistema financeiro aumentaram em janeiro em relação a dezembro. A única exceção foi o cheque especial. A taxa média nas operações para o consumidor passou de 144,91% para 149,59% ao ano. Também no crédito a empresas a taxa média anual subiu em janeiro na comparação com dezembro-foi de 67,65% para 71,55%. Os dados são da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças). A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) os contestou, mas não apresentou seus números. Seu representante afirmou que estaria em curso apenas uma "desaceleração na trajetória de redução". Ainda que fosse assim, bastaria alguém dirigir-se a uma instituição financeira para constatar que as taxas para as mais diversas modalidades de crédito permanecem acintosamente altas, bem como os "spreads" cobrados.
A decisão do Banco Central de interromper em janeiro os cortes da taxa básica de juros certamente contribuiu para criar um ambiente mais cauteloso, o que explicaria o aumento das taxas nas operações creditícias detectado pela Anefac. A questão agora é saber até que ponto o BC estará inclinado a promover alguma redução dos juros neste mês. De um modo geral, analistas apostam que na reunião da semana que vem o Comitê de Política Monetária (Copom) mais uma vez manterá a Selic em 16,5%, deixando para março a retomada da tendência de queda.
Em que pesem indicadores favoráveis de inflação e a volta do bom humor aos mercados financeiros, graças à sinalização de que os juros continuarão baixos nos EUA, o Copom deverá aguardar o desenrolar das negociações entre a indústria e o varejo em torno de aumentos de preços.
Além disso, uma mudança em fevereiro, depois da má repercussão da freada de janeiro, poderia expor o BC, tornando ainda mais questionável a decisão anterior. Não obstante, é exatamente isso que a autoridade monetária deveria fazer: voltar a cortar os juros, recuperando-se do equívoco anterior e realimentando o ânimo da economia real.


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