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DROGA E CASTIGO
Vai avançando a tramitação
do projeto de lei que reformula
o sistema nacional antidrogas. Aprovado na Câmara, o texto agora volta
ao Senado. Se mantido em seus traços principais, representará um
avanço importante na legislação sobre o tema. A principal inovação que
será introduzida é o fim da pena de
prisão para os usuários de drogas.
Com efeito, mandar consumidores
de drogas para a cadeia é algo que
não faz o menor sentido. Parece muito mais acertado, como faz o projeto,
diferenciar traficantes de usuários e,
para os últimos, reservar sanções
mais brandas. As previstas são: advertência, prestação de serviços comunitários e a freqüência a cursos
sobre problemas causados pelas
drogas. É sem dúvida melhor determinar que um jovem flagrado pela
polícia com uma pequena quantidade de drogas assista a uma palestra
sobre os riscos da dependência do
que trancafiá-lo numa prisão, onde
ele terá a oportunidade de iniciar
uma carreira criminosa no tráfico.
Outro avanço consignado no projeto é o fim do tratamento compulsório para dependentes. Psiquiatras
são quase unânimes em reprovar o
tratamento compulsório, porque ele
simplesmente não funciona. Sem
que o dependente esteja disposto a
tentar abandonar o vício, tudo será
uma grande perda de tempo e de preciosos recursos. Nesse sentido, é
correto e oportuno o mecanismo que
permite à Justiça indicar, caso o
usuário esteja de acordo, uma instituição de saúde onde ele poderá tratar-se gratuitamente.
O sentido geral do projeto parece,
portanto, bom. Resta saber se o texto
final corresponderá a essa expectativa. Não é demais recordar que uma
lei antitóxicos aprovada no final de
2001 também traria avanços, mas a
peça estava tão mal redigida e continha tantos erros técnicos que o Executivo teve de vetar 35 dos 59 artigos.
Espera-se que, desta vez, a história seja diferente.
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