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MALEFÍCIOS DO CIGARRO
O cigarro faz mal à saúde e é responsável pela incidência de diferentes formas de câncer. Há quanto a isso sólidas evidências estatísticas desde os anos 50. É igualmente sabido
que a sociedade, por meio dos impostos, acaba custeando, na rede pública de hospitais, o tratamento de
enfermidades causadas pelo fumo.
Nos EUA, a cruzada antitabagista
levou a quase totalidade dos Estados
a obter dos fabricantes de cigarros
indenização por ora estimada em
US$ 246 bilhões, que será paga durante os próximos 25 anos para cobrir gastos públicos com saúde.
Existem, no entanto, exemplos que
vão no sentido oposto. A Alta Corte
do Reino Unido rejeitou o pedido de
um grupo de vítimas de câncer de
pulmão, que pretendia ser indenizado por um produtor local de tabaco.
Os exemplos mostram a inexistência de uma jurisprudência internacional capaz de pautar o comportamento de enfermos e governantes.
O tema é controvertido, para dizer o
mínimo. Os efeitos do consumo excessivo ou prolongado de bebidas alcoólicas na saúde pública e nos acidentes de trânsito são igualmente devastadores, sem que tenham surgido
grupos de pressão para obter, nos
tribunais, indenizações milionárias
dos respectivos fabricantes.
Reportagem publicada recentemente por esta Folha revela que o Ministério da Saúde cogita entrar na
Justiça contra a indústria do cigarro.
Pediria uma indenização de até R$ 70
bilhões, um recorde no país.
O cigarro não é no entanto um produto clandestino. Sua produção é legal. Parece pois para muitos haver incoerência do governo ao solicitar na
Justiça a punição de uma atividade
industrial que ele mesmo autoriza e
sobre a qual recolhe tributos.
De qualquer modo, é desejável que a
discussão amadureça, envolvendo
parcelas maiores da sociedade, com
vistas a um mínimo de consenso sobre a forma como se devam combater
os males provocados pelo fumo.
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