UOL




São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PAINEL DO LEITOR

Guerra
"O texto do professor Braz de Araújo ("Guerra, um novo dilema para o Brasil", pág. A3, 11/3) é de uma estreiteza moral sem limites. Para dizer que o Brasil deve se alinhar aos EUA na guerra contra o Iraque, ele assume como verdade que o Iraque é um país terrorista ou que abriga terroristas ligados aos atentados de 11 de setembro e que os EUA irão atacar o Iraque mesmo com os vetos no Conselho de Segurança da ONU. Recomendo ao professor uma assinatura da Folha; ficará mais informado."
Fernando Antônio dos Santos Oliveira (Belo Horizonte, MG)

Sonho meu
"Na sua última ida ao Senado, o ministro Palocci disse que governar é ter de constatar a diferença "entre o sonho e a realidade". Quis dizer que votamos no sonho. Lula continua com sua retórica populista como forma de ganhar tempo para reformas que, no passado, tanto combateu. E agora? O que fazer com a realidade? Será que fomos vítimas mais uma vez de estelionato eleitoral?"
João Pimentel (Brotas, SP)

Mudanças
"Ao assumir que errou quando se opunha às reformas de FHC, exatamente as mesmas que agora defende o novo governo, o PT deve levar em conta que ganhou a eleição com propostas de mudança, principalmente na economia. O que acontece quando se chega lá? O poder seduz? Não se pode condenar ninguém por ter essa ou aquela opinião, mas, quando se ganha uma eleição por defender um determinado rumo para o país e, ao assumir o poder, apresenta-se um discurso contraditório e se reconhece publicamente que estava errado, é no mínimo vergonhoso. O país espera mudanças, e não desculpas."
Alex Niuri Silveira Silva (Piracicaba, SP)

Remédios
"A Interfarma, Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa, entidade que reúne 27 laboratórios multinacionais sediados no Brasil, tomou conhecimento da matéria "Brasil continua fora da corrida para desenvolver medicamentos" (Dinheiro, pág. B1, 10/3), veiculada neste prestigioso jornal. Parabenizamos a iniciativa, pois consideramos o tema de muita relevância não apenas para o setor farmacêutico, mas para toda a população brasileira. Gostaríamos, no entanto, de prestar alguns esclarecimentos sobre dados que consideramos equivocados. A matéria enfatiza que os investimentos em pesquisa que o setor realizou, no Brasil, teriam sofrido "redução". Mas o balanço de nossas associadas, realizado ano passado pela KPMG Consultoria, mostrou justamente o contrário: os investimentos em pesquisa clínica no país passaram de R$ 14 milhões, em 1994, para R$ 112 milhões em 2001. Outro dado relevante a ser retificado refere-se ao faturamento do setor farmacêutico. Na matéria publicada, consta que no ano 2000 ele foi de R$ 549 bilhões. No entanto o faturamento das mais de 300 indústrias farmacêuticas brasileiras e estrangeiras instaladas no Brasil foi de cerca de US$ 5,2 bilhões, ou cerca de R$ 15 bilhões, segundo dados do Grupemef. A Interfarma se coloca à disposição para prestar qualquer outro esclarecimento que se faça necessário, bem como servir de fonte de informação para futuras matérias referentes à indústria farmacêutica de pesquisa."
Mozart de Carvalho, gerente de comunicação da Interfarma (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista João Batista Natali - O estudo do Ipea mencionado na reportagem se refere a pesquisa de novos medicamentos, e não a testes clínicos para eventual adaptação de patentes estrangeiras ao mercado local. Quanto ao faturamento do setor, leia a seção "Erramos" abaixo.

Contas
"O governo federal deveria publicar uma nota para dizer quanto custa mensalmente um deputado federal para o país. Sem nenhuma cerimônia, a Câmara dos Deputados, com muita perspicácia, aumentou antes do Carnaval salários e demais benefícios aos parlamentares. Agora o governo quer exibir documento para mostrar quanto custa o servidor público aposentado. Por favor, sejamos coerentes, para não dizer justos. Para os servidores públicos federais, nem a inflação de 2002 foi reposta."
Neusa Maria Gentil Jorge (Florianópolis, SC)

Violência
"Temos no Rio mais de 600 favelas; são pequenas repúblicas independentes onde a polícia só pode entrar em operações de guerra. Infelizmente, ao menos por enquanto, esse problema não tem solução; mas pelo menos poderia ser amenizada uma de suas mais graves consequências. A maioria dos policiais e agentes carcerários mora nas favelas e está sujeita à chantagem dos bandidos. A solução existe, é só querer fazer. Podem-se criar vilas exclusivas para as forças policiais, com moradia decente, escolas, postos de saúde bem equipados etc. O único problema é o dinheiro, que, continuando a pagar os juros exorbitantes e imorais, nunca teremos."
Nino Signorini (Rio de Janeiro, RJ)

Soldados do tráfico
"Li com indignação o Folhateen de 10/3 e gostaria de parabenizar a Folha pelo brilhante trabalho. Surpreendeu-me a forma com que foram realizadas as entrevistas e as análises imparciais, sem julgamentos morais ("Isso aqui é uma guerra", pág. 1). Os meios de comunicação de massa, quase que de modo geral, fazem essas reportagens colocando a sociedade contra aqueles que praticam tais "delitos". A visão que se quer transmitir é a de que os jovens empobrecidos são vítimas da lógica dominante que se monta nos morros, na periferia e na favela, como um mundo onde impera o tráfico, em guerra com a sociedade institucionalizada. Essa mentalidade, de alguma forma, aparece na reportagem, mas em escala bem menor. Uma outra visão mais otimista predomina. É verdade que muitos jovens são "induzidos" pelo entorno em que vivem e não têm possibilidades de realizar seus objetivos. Faz-se necessária uma política pública voltada especificamente à juventude, pois vivemos os efeitos de uma política mundial excludente, de absolutização do mercado. Política de extermínio de nossa juventude. Ao sermos tolerantes com a crueldade do mundo, deixamos de desejar a vida para desejar a morte de milhares de nossos jovens, como demonstra a matéria."
Enivaldo J. Oliveira (Belo Horizonte, MG)

TV Digital
"É louvável que o ministro das Comunicações, Miro Teixeira, queira desenvolver um padrão de software para a TV digital no Brasil. Agora, colocar a maior parte da pesquisa na mão do sr. Eugênio Staub é uma afronta ao bom senso daqueles que têm memória. Nos anos Sarney (da família Lunus e da Lei da Informática), não havia a possibilidade de termos um computador "importado" sem pagar um preço astronômico. Enquanto isso, a Gradiente e a Sharp enchiam as turras com equipamentos obsoletos empurrados ao mercado. Atualmente, parece que esse senhor, depois de uma bela jogada de marketing pessoal, virou santo só porque apoiou Lula para presidente. Minha proposta é que, se o presidente da Gradiente está cobrando alguma coisa pelo seu apoio na campanha, ou mesmo se Lula se sente em dívida com ele, que doe os R$ 100 milhões do nosso dinheiro para o sr. Staub, sem exigir contrapartida, e deixe continuarem as pesquisas acadêmicas para decidir o padrão da TV digital. Em dez anos veremos que essa proposta sairá muito mais em conta do que se ficarmos reféns de uma só empresa."
Cícero Inácio da Silva (São Paulo, SP)


Texto Anterior: Jorge Boaventura: Qual será o perdedor na guerra iminente?
Próximo Texto: Erramos
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.